Quando você é vulgar: apenas negocia convenções, não domina os segredos, qualquer um pode dizer que árvore é o nome de uma cidade, que cidade é o nome de uma arma, que arma é um sentimento, que sentimento é o nome de um faraó. A língua epistolar é a conversa vulgar no desentendimento, mesmo que este ocasione encontros repentinos e imprevistos. É quando uma criança autista diz pra você: se o mundo gira, porque você não fica tonto?
3/22/2013
O estado natural da luz de Brasília é estourado. A banalidade é nosso incêndio cotidiano, tudo tende à pedra, inclusive as raízes do fícus que rompem o asfalto. Vozes sob o silêncio deixam claro que conhecem seu passado que retorna como estigma, cicatriz brilhante por dentro do seu coração, que deveria ser invisível. Assassinos de aluguel sabem o seu nome e dizem em alto e bom som toda vez que te vêem no comércio local. Se estão mal humoradas, e sempre estão, as crianças sussurram seu nome quando você passa – é você mesmo, o abandonado. Não existe abrigo, a porta está sempre aberta porque sempre alguém está partindo. E você também, só que se partindo por dentro. A luz arde como estilhaços de vidro rompendo suas veias. O sol está coberto por uma lente, você queima como papel, a vida é apenas normal.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário