Com
a mente cheia de fungos
corro
até a esquina
testemunhar
a novidade da semana:
por
onde começa
a
explosão do planeta.
*
Alma
de polias rangentes
engrenagens
enferrujadas rodas dentadas teias de arame
farpado
pó de luas mortas com gosto de sangue na boca
dentes
muito finos e compridos roendo a covardia
dos
nossos tempos, gente de luto escorrendo
ralo
abaixo, gente sem pulso girando e girando
pro
fundo do poço
que
bela merda essa tua vida hein
um
sol negro sabe o nome e nos chama –
fiquem
tranquilos conterrâneos da desistência
sigam
a estrela vermelho-pálido agarrada como uma tarântula
na
minha nuca, sou anêmico mas meu sangue tem luminol :
eu
vou à frente e ensino o caminho,
é
simples como saltar de um trampolim,
tudo
de que vocês precisam é um exemplo.
*
*
Poeira
e pedra
pedra
e poeira rumino
com
gosto de pinho sol
desgosto
de duas luas
de
celulose agonizando à faca cega
uma
sobe outra desce
uma
desce outra sobe
dois
olhos por dentro das veias
lentes
de fuligem pra ver
o
ir e vir o ir e vir o ir e vir
o
ir e
vir
da dor:
sou
meu próprio açougueiro
cavo
meu corpo de bolor e terra úmida
com
uma enxada enferrujada que eu mesmo invento.
-
matou-se tomando um litro de pinho sol
e
ganhou o epitáfio jocoso de boca de bidê.
Um comentário:
Foda!
O ritmo e o perspicaz 'sou meu próprio açougueiro'
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