11/13/2013


Com a mente cheia de fungos
corro até a esquina
testemunhar a novidade da semana:

por onde começa
a explosão do planeta.

*
Alma de polias rangentes
engrenagens enferrujadas rodas dentadas teias de arame
farpado pó de luas mortas com gosto de sangue na boca
dentes muito finos e compridos roendo a covardia
dos nossos tempos, gente de luto escorrendo
ralo abaixo, gente sem pulso girando e girando
pro fundo do poço

que bela merda essa tua vida hein

um sol negro sabe o nome e nos chama –

fiquem tranquilos conterrâneos da desistência
sigam a estrela vermelho-pálido agarrada como uma tarântula
na minha nuca, sou anêmico mas meu sangue tem luminol :

eu vou à frente e ensino o caminho,
é simples como saltar de um trampolim,
tudo de que vocês precisam é um exemplo.

*
*
Poeira e pedra
pedra e poeira rumino
com gosto de pinho sol

desgosto de duas luas
de celulose agonizando à faca cega

uma sobe outra desce
uma desce outra sobe
dois olhos por dentro das veias
lentes de fuligem pra ver

o ir e vir o ir e vir o ir e vir
o ir e
vir da dor:

sou meu próprio açougueiro
cavo meu corpo de bolor e terra úmida
com uma enxada enferrujada que eu mesmo invento.

- matou-se tomando um litro de pinho sol
e ganhou o epitáfio jocoso de boca de bidê.
           



Um comentário:

Anônimo disse...

Foda!
O ritmo e o perspicaz 'sou meu próprio açougueiro'