Fecho
os olhos
cada globo ocular é uma lua
atravessada de sulcos e cicatrizes:
arranhões
traçando, a sangue
coagulado,
raízes para um jardim de
flores dentadas
que
me tramam o peito, por dentro:
assim
que durmo quero acordar,
assim
que acordo quero dormir,
é
sempre o mesmo estado de coma:
inoculam-me
óleo de estrelas mortas
pelas vias
respiratórias.
um vento gelado
trava-me o tórax,
dizendo:
ao menos que seja rápido
que o futuro seja rápido
como uma sombra
que a indiferença interrompa
a destruição
como uma elipse
involuntária dissolvendo astros negativos
ou que o futuro não
chegue
e que o presente passe
rumo a não sei que outro tempo,
qualquer
alívio ou desastre.
por enquanto sou como
aquele planeta que deveria existir entre Marte e Júpiter
no espaço do pensamento
e nunca foi encontrado.
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