Estou
no consultório com o ombro e o braço direito repletos de brotoejas alérgicas e
o antebraço esquerdo com vermelhidão e bolhas de pele queimada. Ele diagnostica:
vamos ter que testar sua imunidade, você está muito acostumado à tristeza.
*
Sempre
vou ter que carregar esta criança morta, no tempo que me resta.
Tragar
o desamor que se impregna em musgo transparente de ar pesado e soprar de volta em
forma visível de fumaça que se dissipa, névoa alucinógena que nos proteja, a
mim e à criança morta.
Bodisatva
é uma pedra que sorri.
*
Quem
sou eu
pra
dizer que sim que não
que
não que sim que sim que não –
assinto.
A
luz se azula porque foge para o breu
sobre
a língua, no sol
contrário.
em denegações:
não
faço o que estou fazendo
ou
sinto
muito.
unhas
afiadas:
pele
de restinga,
seiva
vermelha alimenta de flores
e
dor a esperança.
- mas
só quer saber de gente inofensiva.