5/24/2014

Estou no consultório com o ombro e o braço direito repletos de brotoejas alérgicas e o antebraço esquerdo com vermelhidão e bolhas de pele queimada. Ele diagnostica: vamos ter que testar sua imunidade, você está muito acostumado à tristeza.
*
Sempre vou ter que carregar esta criança morta, no tempo que me resta.
Tragar o desamor que se impregna em musgo transparente de ar pesado e soprar de volta em forma visível de fumaça que se dissipa, névoa alucinógena que nos proteja, a mim e à criança morta.
Bodisatva é uma pedra que sorri. 
*
Quem sou eu
pra dizer que sim que não
que não que sim que sim que não –

assinto.

A luz se azula porque foge para o breu
sobre a língua, no sol
contrário. em denegações:

não faço o que estou fazendo
ou sinto
muito.

unhas afiadas:
pele de restinga,
seiva vermelha alimenta de flores
e dor a esperança.

- mas só quer saber de gente inofensiva.


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