Uma
mulher muito bonita
sem rosto
povoa de azul os instantes
disseminados
pelo sonho
que
toda noite
reinicia, como a respiração
entre palavras
em músicas de Bob Dylan.
Meu despertador
é uma língua áspera
de cachorro-sombra
babando em meu rosto:
quero dormir quando quero acordar
quero acordar quero dormir
quero dormir e acordar, acordar e
dormir,
quero dormir ao acordar, acordar ao
dormir,
preciso de sono
e lucidez, um pouco.
Ao sol, a pele dos meus braços
é mortalha negra
retorcida
de onde goteja
um orvalho de morte
e deserto lunar.
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