6/27/2014

Sua ingenuidade chega a irritar. Não há mais tempo.
Cidade é máquina de sucção que dissipa vitalidade, jogando sua luz bronze amarelada para o alto, como se fosse colorir-se nos prismas de gelo que flutuam no primeiro perímetro de um universo sonhado sem periferias.
Patas articuladas de insetos arranhando vidros. Dentes à mostra e uma elipse abstrata de ironia nas risadas. Múmias cultivadas com afinco. Todo espelho é uma lâmina em potencial.
Só que em toda essa comédia, o curioso é que a luz anêmica não supera nem mesmo as primeiras camadas de nuvens.
Quanto mais alto, mais é noite.   

*
Desde os tempos bíblicos, a humanidade zomba da estupidez de tipos como os caranguejos.
Não sabem nem mesmo como se recolher em segurança à sua toca.
Tudo o que é da lama, que respira pelo lodo, faz a gente sorrir.
O fogo-fátuo é a tentativa mais tola da natureza de impressionar.
Não há lugar no paraíso para esse tipo arcaico de alma.  



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