1/21/2007

O Papa Ecumênico


Buraco arquitetônico estendendo águia
Pra lhe consolar, mas a emoção é só chuva
Rumo ao congresso de paleontologia.

Seu miolo forma as dermes da montanha
Levadas em ladrilho de piso pro meu beijo.
Cortando a linha, uma conversa insone
Você troca, e nunca encontra
Ombro ao ombro o que segura o fone.

Ele é crente, eu já nunca não:
Traços cruzados, os agarram minha mão.

Eu sou o Papa Ecumênico
Me autorizam o pescoço curvado
E o chapéu engraçado

Recebo os tempos mais chegados
A terra já tão próxima de Marte,
Cada detalhe mesquinho quer que eu veja
Que você não foi à minha igreja,
E no entanto ela está por toda parte.

Viadutos virando crianças por mera
Confissão. Seu nariz de finlandesa, daqui a
Seis dias, o cheiro de mais um ano espera.
Solo chuvoso, chumbado
Caminhão virou, slogan em losango
Transportando a fina flor da malha:
Suéter do cordeiro de Deus

Pelo menos é o que contam os
Adevisos do vidro, testemunhas
Da própria transparência
Antes mesmo de secar a tinta.

Nesse dia de comércio
Os outdoors vão se vingar de tudo
Que ninguém comprou por eles.
Quer mesmo que eu te conte?
O mundo perdeu um sacerdote
Em mil trajetos pela ponte
Que te partiu. Ao menos, por sorte,
Estava dormindo quando veio o pesadelo.

Já o encontro com o cara, vá fazê-lo
Na mesa de um bar; agora é tarde,
Pensa serem amendoins de amostra,
Não reza o terço que te dou.

Demora tanto demolir essa parede,
A trepadeira já escapou
Letreiro de senha que a chuva destrói.
Chora por horas, como um bebê:
Se essa águia concreta lhe cair em cima,
O dinossauro não vai esperar por você.

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