7/03/2008

Highway Star Nacional Expresso

Meu cérebro tritura essas palavras
Ele come o combustível
E respira gás garbônico
Na mesma velocidade desse ônibus
Faminto, lendo os anormais

Do livro de Foucault nas poltronas

Mais um velho bêbado
Enche o saco
De vômito, mais uma garota
Foge de casa, as janelas fechadas
Acumulam baratas e o cheiro
De mijo preso no banheiro.

São tantas coisas que
Ninguém vai me roubar:

O rosa e o azul
Do ovo cozido contrastando com a volátil
Cor das moscas, ou o
O homem que se arrasta no chão
E pede esmola, por exemplo.

Depois da próxima parada
Outro filme do Steven Seagal
Contra a paisagem das usinas de açúcar,

E a estrada esburacada
Me lembra sua língua
Cheia de carrapatos.

Um comentário:

Aldemar Norek disse...

Outra intuição (que acho que não está errada...): vejo nestes seus últimos poemas um projeto subliminar, que passa pelas imagens, por uma forte aproximação visual. Se der num livro, este poderia se chamar "Cinema Paratodos" o "Cinema Contemporâneo".
Gostei muito do que passa pels imagens deste poema.
Outra coisa: tá certo que é um canastrão (aquela 'máscara' de quem está sabendo de alguma coisa a mais do que todo mundo é m horror!) e que os filmes são uma bosta, mas como pratiquei Aikidô por alguns anos nao consigo deixar de achar linda a aparição do S. Seagal quando ele luta (muito bem, por sinal, dentro da melhor técnica)...
abração!!!

ps. "são tantas coisas que ninguém vai me roubar" é antológico ainda mais pelo que se segue.