7/30/2008

mandala




como um cachorro amarrado a um poste
por seu dono, como um cachorro preso
à trilha circular onde há um mesmo
rolar das horas até que o estoque
do tempo esgote, enfim, pulando casas
como um dado fadado a uma roleta
já viciada, assim como a cabeça
na vertigem de orbitar desusadas
trilhas, pela emoção mortal do salto
no abismo, e como se ainda voltando
a de novo saltar e querer nos
círculos infinitos, quando calmo,
apagar o sentido dispersando
quintessências no quinto dos infernos

4 comentários:

Daniel F disse...

Nunca entendi esse lance de quinto dos infernos. Nos seus números, Creeley fala que o 5 é o número de alguma coisa que se completa, é o universo matemático das crianças que fazem contas com as mãos. Dei uma olhada agora, o quinto círculo do inferno do Dante é o lugar dos raivosos, putos, reclamões, ressentidos, magoados, vingativos, que ficam se mordendo e se estapeando num rio escroto.

Deve ser por aí mesmo, essa coisa de poesia e literatura.

Abraço,

Daniel.

Bruna Mitrano disse...

"a quintessência e o quinto dos infernos": adorei isso! Deve ser porque o "5" é azul (desde pirralha vejo cor em número, vai entender...). Bom te ler novamente - dessa vez em versos!
A foto do cachorro, magrelo já, exposto e ignorado pelos visitantes me fez entrar numa daquelas reflexões-sem-sentido-mas-necessárias; me fez sentir mais seu poema também, acho; ou ele fez isso por si só; ou, na realidade, me fez sentir a imagem, o poema, e eu, tola, pensei o contrário. Enfim...

Abraço virtual, Aldemar!

Bruna.

Aldemar Norek disse...

Valeu, Bruna, pela presença e pela leitura atenta.
Este lance de relacionar cores e números tem referências na ciência, acho - e em certas culturas antigas, como no I Ching e na cabala judaica tbm.
bjs.

E Daniel: acho o Creeley impressionante. Esta sacada do mundo que se completa no 5 por ser a quantidade dos dedos da mão é das boas. E é mesmo, tem hora que o mundinho literário enche todos os círculos e o perigo é a gente mesmo reproduzir comportamentos que abomina. Risco constante.
Abração

Aldemar Norek disse...

Valeu, Bruna, pela presença e pela leitura atenta.
Este lance de relacionar cores e números tem referências na ciência, acho - e em certas culturas antigas, como no I Ching e na cabala judaica tbm.
bjs.

E Daniel: acho o Creeley impressionante. Esta sacada do mundo que se completa no 5 por ser a quantidade dos dedos da mão é das boas. E é mesmo, tem hora que o mundinho literário enche todos os círculos e o perigo é a gente mesmo reproduzir comportamentos que abomina. Risco constante.
Abração