Quando você é vulgar: apenas negocia convenções, não domina os segredos, qualquer um pode dizer que árvore é o nome de uma cidade, que cidade é o nome de uma arma, que arma é um sentimento, que sentimento é o nome de um faraó. A língua epistolar é a conversa vulgar no desentendimento, mesmo que este ocasione encontros repentinos e imprevistos. É quando uma criança autista diz pra você: se o mundo gira, porque você não fica tonto?
10/19/2009
paradise park prayer
- descer da ilusão como quem sai de um trem lotado na estação subterrânea
- dar saltos mortais ao redor do próprio centro incerto sem um traço de vertigem
- esperar do espírito as alegrias do corpo e do corpo as do espírito
- esperar que no fim das contas exista isso a que chamam espírito
- comprar um bilhete sem volta pra Pasárgada sabendo que ela não existe
- colecionar desastres como borboletas secas presas por um alfinete torto
- arrancar a metafísica como um gânglio supurado
- nunca mais olhar no retrovisor
- quebrar o retrovisor
- restar na periferia e não se importar com isso porque este cu do mundo é o seu centro
- falar sempre em dialeto feito um hipopótamo sozinho na piscina do zoológico
- conversar com as paredes esperando sinceramente que elas respondam
- acreditar em respostas
- acreditar em alguma coisa apesar dos fatos
- expelir sua profundidade como um vômito sobre a superfície absoluta de tudo
- abortar a melancolia como tinta negra nas superfícies que forem brancas
- acordar de vez a fera no labirinto do corpo só para medir forças com ela
- andar a prumo sobre um mundo que gira em falso
- se o chão desaparecer agarrar-se pelo pescoço à corda das certezas
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