11/21/2009

Por que o homem fala?

Da boca
do estômago, da garganta
profunda de um deus demitido
que arranca as palavras
com a presteza de um alicate em seus dentes
num consultório, não,
num campo de refugiados.

Da carência
exuberante, do complexo
de onipotência, do anestésico
que separa os sentidos
feridos da dor sem motivo
da língua solta, do bom dia
aos cavalos, do zumbido dos mosquitos
engolidos, do faça-se a luz como
falo mal, falo bem, mas falo de mim
do preço do silêncio
da ausência de pálpebras na orelha
de um deus cuja teologia
reside em termos técnicos
como puro
diencéfalo e siringe.

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