11/04/2009

no espelho

Se você tem algo, de fato, a escrever
sobre o tempo, perceba que ainda uma outra
vez ele passou de vez sem que você
soubesse que a chance de dizer as poucas
coisas que lhe foram caras, na esperança
vaga de que tais palavras sustentadas
pelo poema possam, em sua dança,
tatuar num outro corpo a mesma marca,
está perdida: o mundo segue algum
desvio, desesperos portáteis, vãos,
gomorras sem o olhar de um deus, distopia
e corrosão do século vinte e um,
dessublimações, falsa anunciação
que lhe afunda em soul, sexo e melancolia.

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