Acho que o link vale a pena:
Não somos racistas?
Quando você é vulgar: apenas negocia convenções, não domina os segredos, qualquer um pode dizer que árvore é o nome de uma cidade, que cidade é o nome de uma arma, que arma é um sentimento, que sentimento é o nome de um faraó. A língua epistolar é a conversa vulgar no desentendimento, mesmo que este ocasione encontros repentinos e imprevistos. É quando uma criança autista diz pra você: se o mundo gira, porque você não fica tonto?
12/28/2009
12/26/2009
12/24/2009
Poema de Natal
A noite e o silêncio já penetraram no lar
O vazio reina solitário entre lisos e estriadas noites
Angústias coloridas
È natal
Ainda antes de dormir
A embriaguez passou
É muito ruim dormir lúcido e solitário no natal
A morte materna se aproxima
Uma ópera, uma ostra e um sonho podem me tranqüilizar?
Eu quero?
Tento ler: nada!
Só me resta, novamente, tentar poetar
No meu caso a escrita é sempre um dor nômade de parcos resultados
Mas continuo
É um exorcismo onde algumas palavras se salvam!
Ser-para-a-morte e ser-para-a-vida
(Escuto gritos na rua: alguns embriagados)
Deixar luminosa a lua fortuna?
Me valeu um ou dois sorrisos e carinhos das crianças que vi!
Queria estar alegre!
Não estou triste
Mas, a melancolia me chamou para deitar
Também queria morrer aprendendo
A tocar uma ária.
O vazio reina solitário entre lisos e estriadas noites
Angústias coloridas
È natal
Ainda antes de dormir
A embriaguez passou
É muito ruim dormir lúcido e solitário no natal
A morte materna se aproxima
Uma ópera, uma ostra e um sonho podem me tranqüilizar?
Eu quero?
Tento ler: nada!
Só me resta, novamente, tentar poetar
No meu caso a escrita é sempre um dor nômade de parcos resultados
Mas continuo
É um exorcismo onde algumas palavras se salvam!
Ser-para-a-morte e ser-para-a-vida
(Escuto gritos na rua: alguns embriagados)
Deixar luminosa a lua fortuna?
Me valeu um ou dois sorrisos e carinhos das crianças que vi!
Queria estar alegre!
Não estou triste
Mas, a melancolia me chamou para deitar
Também queria morrer aprendendo
A tocar uma ária.
"Natal sem Cristo", com Samuel Rawet*
Um dos temas que marcam a literatura de Rawet é o da condição do judeu. O que faz com que sua obra seja uma instigante intersecção entre biografia e história contemporânea. Corretamente ou não, o holocausto (que os estudiosos hoje preferem chamar de Shoah, devido à carga de martírio santo embutida na outra palavra) é considerado o marco por excelência da barbárie do século XX. Por outro lado, o assunto do anti-semitismo no Brasil é menos comentado. Afinal, o único país do mundo totalmente livre de preconceitos, de violência, formado por um povo totalmente pacífico não poderia trazer o grande estigma da perseguição aos judeus... Porém, a mitologia nacional não é confirmada pela história. Sobretudo nos anos 1930, houve no Brasil um intenso controle policial sobre a presença de estrangeiros – vistos como potencialmente perigosos para a segurança nacional. Sobre a questão dos judeus, veja-se por exemplo o que disse um dos grandes formuladores da teoria da democracia racial, Gilberto Freyre:
“Técnicos da usura, tais se tornaram em quase toda parte por um processo de especialização quase biológica, que lhes parece ter aguçado o perfil no de ave de rapina, a mímica em constantes gestos de aquisição e posse, as mãos em garras incapazes de semear e de criar.”
De acordo com os testemunhos de Rawet, sua relação pessoal com a condição judia não era tranqüila. Se ele herdara as marcas do estigma e não tinha como se livrar delas, por outro lado, Rawet não se dava bem com a vitimização da comunidade judaica. Para o escritor, o sacrifício não era prova de santidade, muito menos de predestinação de povo escolhido. Em suas próprias palavras:
“Meu maior conflito, e não sei se isso me enriquece ou empobrece, é pessoal e ligado à minha condição de judeu, ou de ex-judeu, que mandou o judaísmo e a ambiência judaica às favas. De repente percebi que estava sendo vítima de minha própria chantagem afetiva: o judeu, a eterna vítima das perseguições injustas, o mártir do nazismo alemão, o horror dos campos de concentração, etc..., etc....”
A partir da tensão entre sua identidade, sua história pessoal e familiar de imigrante polonês perdido no Brasil e depois em Brasília, e o desejo de se libertar tanto do estigma quanto da aura de vítima, Rawet escreveu uma série de contos. Um dos mais ricos é “Natal sem Cristo”, publicado em Diálogo, no ano de 1963. É a história de uma ceia de natal, promovida por uma família brasileira. A história é contada na perspectiva de um judeu presente à comemoração, Nehemias Goldemnberg.
Nehemias queria apagar os seus laços com a tradição, procurando o esquecimento absoluto. Seu desejo de libertação residia na esperança da perda da identidade. Desejo travado em primeiro lugar pela falta de controle sobre seu próprio mundo interior, que trazia o peso dos pesadelos conhecidos como História. Mas o drama de Nehemias não era apenas íntimo, psicológico. Ele era marcado pela presença dos outros, vivos e mortos. Outros que durante a ceia de Natal elegeram a questão judaica como tema de conversa.
A discussão se passaria diante de um Nehemias calado, “diante do Cristo eternizado no espasmo da última dor terrena.” Um dos presentes, Luís, um político iniciante, elogiava a simpatia e o senso político aguçado dos judeus, citando enfaticamente nomes como os de Disraeli, Rotschild e Marx. Albino, importador e representante de empresas norte-americanas, elogiava-lhes a argúcia financeira. A situação era insuportável para Nehemias. Nada mais incontornável do que o preconceito escondido nos elogios, que reafirmavam sua condição de pessoa excepcional.
Porém, num dado momento, os elogios foram interrompidos pela ingênua Lenita, com a seguinte pergunta: “-Mas não foram os judeus que mataram Cristo, papai?”. Somente a partir daí os participantes da ceia começaram a notar o incômodo da presença de Nehemias, tentando desfazer o nó criado pela ingenuidade da criança. Num momento tragicômico, Malu diria a Nehemias que ele nem sequer parecia um judeu, uma vez que estava comendo leitão.
Nehemias se tornou ainda mais introspectivo, fixando seu olhar no Cristo crucificado. Eternamente em agonia, Jesus era a representação de uma vítima que se apresentava para a humanidade como bode expiatório. Não o Messias, mas a vítima de um equívoco, uma pessoa comum santificada pela brutalidade alheia. Equívoco que aproximava Cristo e o judeu, na corrente da memória celebrada naquela noite de natal. Os dois eram ornamentações cruéis para o cotidiano banal. Escolhidos aleatoriamente para figurarem como faces extremas das agressões corriqueiras, banais e irrelevantes de uma família qualquer.
Pós-escrito: Se posso ter a ousadia de chamar alguma coisa de obra-prima, reservo o termo para outro conto de Rawet, “O terreno de uma polegada quadrada”. A última frase do conto diz que Deus está no futuro. Não penso nisso como a promessa de um Apocalipse, mas sim como a possibilidade de despertarmos do pesadelo, no dia em que nos tornaremos finalmente seres sem-identidade, em que a máquina de violência que criamos será interrompida.
“Técnicos da usura, tais se tornaram em quase toda parte por um processo de especialização quase biológica, que lhes parece ter aguçado o perfil no de ave de rapina, a mímica em constantes gestos de aquisição e posse, as mãos em garras incapazes de semear e de criar.”
De acordo com os testemunhos de Rawet, sua relação pessoal com a condição judia não era tranqüila. Se ele herdara as marcas do estigma e não tinha como se livrar delas, por outro lado, Rawet não se dava bem com a vitimização da comunidade judaica. Para o escritor, o sacrifício não era prova de santidade, muito menos de predestinação de povo escolhido. Em suas próprias palavras:
“Meu maior conflito, e não sei se isso me enriquece ou empobrece, é pessoal e ligado à minha condição de judeu, ou de ex-judeu, que mandou o judaísmo e a ambiência judaica às favas. De repente percebi que estava sendo vítima de minha própria chantagem afetiva: o judeu, a eterna vítima das perseguições injustas, o mártir do nazismo alemão, o horror dos campos de concentração, etc..., etc....”
A partir da tensão entre sua identidade, sua história pessoal e familiar de imigrante polonês perdido no Brasil e depois em Brasília, e o desejo de se libertar tanto do estigma quanto da aura de vítima, Rawet escreveu uma série de contos. Um dos mais ricos é “Natal sem Cristo”, publicado em Diálogo, no ano de 1963. É a história de uma ceia de natal, promovida por uma família brasileira. A história é contada na perspectiva de um judeu presente à comemoração, Nehemias Goldemnberg.
Nehemias queria apagar os seus laços com a tradição, procurando o esquecimento absoluto. Seu desejo de libertação residia na esperança da perda da identidade. Desejo travado em primeiro lugar pela falta de controle sobre seu próprio mundo interior, que trazia o peso dos pesadelos conhecidos como História. Mas o drama de Nehemias não era apenas íntimo, psicológico. Ele era marcado pela presença dos outros, vivos e mortos. Outros que durante a ceia de Natal elegeram a questão judaica como tema de conversa.
A discussão se passaria diante de um Nehemias calado, “diante do Cristo eternizado no espasmo da última dor terrena.” Um dos presentes, Luís, um político iniciante, elogiava a simpatia e o senso político aguçado dos judeus, citando enfaticamente nomes como os de Disraeli, Rotschild e Marx. Albino, importador e representante de empresas norte-americanas, elogiava-lhes a argúcia financeira. A situação era insuportável para Nehemias. Nada mais incontornável do que o preconceito escondido nos elogios, que reafirmavam sua condição de pessoa excepcional.
Porém, num dado momento, os elogios foram interrompidos pela ingênua Lenita, com a seguinte pergunta: “-Mas não foram os judeus que mataram Cristo, papai?”. Somente a partir daí os participantes da ceia começaram a notar o incômodo da presença de Nehemias, tentando desfazer o nó criado pela ingenuidade da criança. Num momento tragicômico, Malu diria a Nehemias que ele nem sequer parecia um judeu, uma vez que estava comendo leitão.
Nehemias se tornou ainda mais introspectivo, fixando seu olhar no Cristo crucificado. Eternamente em agonia, Jesus era a representação de uma vítima que se apresentava para a humanidade como bode expiatório. Não o Messias, mas a vítima de um equívoco, uma pessoa comum santificada pela brutalidade alheia. Equívoco que aproximava Cristo e o judeu, na corrente da memória celebrada naquela noite de natal. Os dois eram ornamentações cruéis para o cotidiano banal. Escolhidos aleatoriamente para figurarem como faces extremas das agressões corriqueiras, banais e irrelevantes de uma família qualquer.
Pós-escrito: Se posso ter a ousadia de chamar alguma coisa de obra-prima, reservo o termo para outro conto de Rawet, “O terreno de uma polegada quadrada”. A última frase do conto diz que Deus está no futuro. Não penso nisso como a promessa de um Apocalipse, mas sim como a possibilidade de despertarmos do pesadelo, no dia em que nos tornaremos finalmente seres sem-identidade, em que a máquina de violência que criamos será interrompida.
12/21/2009
Elegia ao CPF defunto
Pra onde vão
os CPFs dos mortos?
Números cheios de júbilo
ou vergonha,
às vezes rodas metálicas dentadas,
ou orgânicos e doloridos dentes finos e afiados
de quando em quando números mordidos, dilacerados
em praça pública, agora
calados – eles que foram como retratos
abstratos de nossos dorians grays interiores,
eles que gozaram e nunca souberam
o motivo do gozo, eles que brincaram
como bichinhos de estimação ao teu redor, eles que franquearam
o acesso a todo tipo de comida e embriaguez,
eles que se exibiram na tua indignidade
diante de todos, na loja de filtros, na cia
telefônica, no self service – carapuças
tão ajustadas ao nosso ego quanto o elmo
de dom quixote, logins para o id, do id –
o login da sua identidade, e estes números
não, estes números têm cu
e podem cagar sobre o meu nome
como perversas consciências morais.
Pra onde vão estes números ;
a seqüência singular e sua aura–
pode a distância entre duas estrelas e a terra
ser a mesma, pode se repetir
a combinação de um sorteio lotérico,
mas o CPF não, ele é tão exclusivo quanto você
e seu cadáver e seus algarismos,
onde vão parar estes não mortos,
exatamente, mas indisponíveis
números melancólicos, esquecidos
ou, pior, transplantados por vis falsários
que recorrem às imunidades dos zumbis
até se tornarem alvo fácil e rotineiro das perseguições
policiais e das risadas de um William Bonner qualquer.
E aquela combinação
única, aquele encaixe perfeito
e memorizável de uns e oitos e cincos não tem mais uso
e o mais absurdo: não morre na mesma hora que o morto
vai mais tarde, depois das últimas transferências
nas derradeiras seqüelas das heranças
nos últimos giros bancários, nos registros
que pulam, rodam, tremem no pós-morte como corpos de galinhas
recém-decepadas.
Sim, onde irão parar
O meu e o teu CPF quando tua e minha alma
Nada forem além de carniças? Em meus sonhos
vejo a vida secreta do guardião
amoroso dos números perdidos
por excesso de delicadeza, sua pele
tem um tom esverdeado, seus olhos são sensíveis
à luz, ele habita o arquivo morto, tem uma relação
erótica com as manivelas que movimentam
as estantes, sabe onde estão os velhos
enfeites de natal e nos feriados os usa no pescoço
como colares havaianos, domina os registros de compra
de umidificadores pra residência do senhor ministro,
e, claro, lembra de cor e salteado
onde jazem, inertes, os CPFs dos falecidos
indivíduos,
porque a Ordem
repudia dois raios que caem no mesmo lugar
defenestra irmãos siameses
impõe aos números uma vida limitada
mortal e antinatural, tal como
a de seus proprietários, a Ordem, meus senhores,
exige o tempo irreversível.
os CPFs dos mortos?
Números cheios de júbilo
ou vergonha,
às vezes rodas metálicas dentadas,
ou orgânicos e doloridos dentes finos e afiados
de quando em quando números mordidos, dilacerados
em praça pública, agora
calados – eles que foram como retratos
abstratos de nossos dorians grays interiores,
eles que gozaram e nunca souberam
o motivo do gozo, eles que brincaram
como bichinhos de estimação ao teu redor, eles que franquearam
o acesso a todo tipo de comida e embriaguez,
eles que se exibiram na tua indignidade
diante de todos, na loja de filtros, na cia
telefônica, no self service – carapuças
tão ajustadas ao nosso ego quanto o elmo
de dom quixote, logins para o id, do id –
o login da sua identidade, e estes números
não, estes números têm cu
e podem cagar sobre o meu nome
como perversas consciências morais.
Pra onde vão estes números ;
a seqüência singular e sua aura–
pode a distância entre duas estrelas e a terra
ser a mesma, pode se repetir
a combinação de um sorteio lotérico,
mas o CPF não, ele é tão exclusivo quanto você
e seu cadáver e seus algarismos,
onde vão parar estes não mortos,
exatamente, mas indisponíveis
números melancólicos, esquecidos
ou, pior, transplantados por vis falsários
que recorrem às imunidades dos zumbis
até se tornarem alvo fácil e rotineiro das perseguições
policiais e das risadas de um William Bonner qualquer.
E aquela combinação
única, aquele encaixe perfeito
e memorizável de uns e oitos e cincos não tem mais uso
e o mais absurdo: não morre na mesma hora que o morto
vai mais tarde, depois das últimas transferências
nas derradeiras seqüelas das heranças
nos últimos giros bancários, nos registros
que pulam, rodam, tremem no pós-morte como corpos de galinhas
recém-decepadas.
Sim, onde irão parar
O meu e o teu CPF quando tua e minha alma
Nada forem além de carniças? Em meus sonhos
vejo a vida secreta do guardião
amoroso dos números perdidos
por excesso de delicadeza, sua pele
tem um tom esverdeado, seus olhos são sensíveis
à luz, ele habita o arquivo morto, tem uma relação
erótica com as manivelas que movimentam
as estantes, sabe onde estão os velhos
enfeites de natal e nos feriados os usa no pescoço
como colares havaianos, domina os registros de compra
de umidificadores pra residência do senhor ministro,
e, claro, lembra de cor e salteado
onde jazem, inertes, os CPFs dos falecidos
indivíduos,
porque a Ordem
repudia dois raios que caem no mesmo lugar
defenestra irmãos siameses
impõe aos números uma vida limitada
mortal e antinatural, tal como
a de seus proprietários, a Ordem, meus senhores,
exige o tempo irreversível.
12/17/2009
(caim matou abel)
o princípio do sexo
é o mesmo
do princípio da morte
o único prazer
possível
é espiritual
quando escutamos
uma canção
do led zeppelin
(Ilha, 05 Dez 2009, 00:32)
Tudo o que se repete
Tudo o que se repete
se perde.
Um sorriso repentino
guardado nos olhos
é como a sombra do não-acontecido
como se as pálpebras fossem pétalas
guardando um gesto delicado
contra a mesma a mesma e a mesma
cidade petrificada em branco.
Sol e chuva compõem um clima de sonho,
em que um anjo daria coca-cola a um escravo
ou vice-versa, em play e replay,
como se existissem anjos na rede
e eles habitassem em silêncio
o vazio de um espelho (onde o tempo
não passa, não se paralisa, não parte):
um detalhe a mais ou a menos não permitiria
que a imagem abstraísse o desejo
e se encontrasse plena de si e de pedra.
Tudo o que se repete se perde:
Voltar a um gesto que passa
E se apaga é como partir
Ao mesmo sonho, ao mesmo lugar vazio
Que nunca se repete porque é sempre
O primeiro, mais uma vez esquecido.
se perde.
Um sorriso repentino
guardado nos olhos
é como a sombra do não-acontecido
como se as pálpebras fossem pétalas
guardando um gesto delicado
contra a mesma a mesma e a mesma
cidade petrificada em branco.
Sol e chuva compõem um clima de sonho,
em que um anjo daria coca-cola a um escravo
ou vice-versa, em play e replay,
como se existissem anjos na rede
e eles habitassem em silêncio
o vazio de um espelho (onde o tempo
não passa, não se paralisa, não parte):
um detalhe a mais ou a menos não permitiria
que a imagem abstraísse o desejo
e se encontrasse plena de si e de pedra.
Tudo o que se repete se perde:
Voltar a um gesto que passa
E se apaga é como partir
Ao mesmo sonho, ao mesmo lugar vazio
Que nunca se repete porque é sempre
O primeiro, mais uma vez esquecido.
12/10/2009
Um novo busto pra entrar pra história
1.
De sangue e madeira,
Sangue coletado na resina
Da árvore sem folhas
Onde se amarravam corpos
Vivos quase mortos.
2.
A síndrome, o desmaio
A convulsão iminente,
Nosferatu te flagra
Na hora do jantar, a coleção
De ratos empilhados ao ritmo
Do bate-estaca,
Os olhos de Ozymandias
Ao molho pardo.
3.
Como cravar dentes na jugular
De um leviatã?
4.
JK reencarna Akhenaton
Encarna o disk-joquei holográfico
No pequeno fascismo requentado
Servido num self-service
Desenhado por Oscar Niemeyer.
5.
No cerrado, as baratas
Também doam sangue.
6.
Costa e Silva assinou
O AI-5, assinatura-mãe no
Tempo dos assassinos teria
Usado a mesma caneta-tinteiro
Do ato inaugural
De um Unindentified Flying Object, cu-
jo condutor não é nenhuma
Isabelle Adjani.
7.
Tinta de resina
De velhas feridas,
Bálsamo coagulado, sangue
Azul, de barata arrotando
URP!
De sangue e madeira,
Sangue coletado na resina
Da árvore sem folhas
Onde se amarravam corpos
Vivos quase mortos.
2.
A síndrome, o desmaio
A convulsão iminente,
Nosferatu te flagra
Na hora do jantar, a coleção
De ratos empilhados ao ritmo
Do bate-estaca,
Os olhos de Ozymandias
Ao molho pardo.
3.
Como cravar dentes na jugular
De um leviatã?
4.
JK reencarna Akhenaton
Encarna o disk-joquei holográfico
No pequeno fascismo requentado
Servido num self-service
Desenhado por Oscar Niemeyer.
5.
No cerrado, as baratas
Também doam sangue.
6.
Costa e Silva assinou
O AI-5, assinatura-mãe no
Tempo dos assassinos teria
Usado a mesma caneta-tinteiro
Do ato inaugural
De um Unindentified Flying Object, cu-
jo condutor não é nenhuma
Isabelle Adjani.
7.
Tinta de resina
De velhas feridas,
Bálsamo coagulado, sangue
Azul, de barata arrotando
URP!
12/02/2009
Heráldica do Covil das Figuras Insignes
O pequeno godzilla do bambuzal sorri, o olhar
Tristonho de gerente de bingo abduzido, sobre uma pilha
De livros que de fato são crachás porque os títulos
Das lombadas são marcos:
Coordenador do Rondó das Armadilhas
Condutor das Vítimas do Destempero
Mestre Sala das Siglas
Auditor Oficial dos Signos Alheios
Um traçado sinuoso nos livros sujos designa a escalada
Do pequeno godzilla.
Sua pança estufada, arrotos e peidos contendo verbos que são verbas prestes a explodir. O pequeno godzilla vai vomitar tanto que vai virar do avesso, vomitando-se a si mesmo, expelindo signos ao alto como se uma biblioteca sofresse um atentado terrorista. Ouve-se um grito partindo do emblema, mas não como no famoso quadro, é o grito de alguém que foi ao cabeleireiro e ficou insatisfeito com o resultado, é o grito implícito no sorriso que sublinha os argumentos de autoridade, é o grito de indignação perante um big mac sem picles, é o grito agudo de uma professora de química meio desequilibrada devido aos abusos da tabela periódica.
Tristonho de gerente de bingo abduzido, sobre uma pilha
De livros que de fato são crachás porque os títulos
Das lombadas são marcos:
Coordenador do Rondó das Armadilhas
Condutor das Vítimas do Destempero
Mestre Sala das Siglas
Auditor Oficial dos Signos Alheios
Um traçado sinuoso nos livros sujos designa a escalada
Do pequeno godzilla.
Sua pança estufada, arrotos e peidos contendo verbos que são verbas prestes a explodir. O pequeno godzilla vai vomitar tanto que vai virar do avesso, vomitando-se a si mesmo, expelindo signos ao alto como se uma biblioteca sofresse um atentado terrorista. Ouve-se um grito partindo do emblema, mas não como no famoso quadro, é o grito de alguém que foi ao cabeleireiro e ficou insatisfeito com o resultado, é o grito implícito no sorriso que sublinha os argumentos de autoridade, é o grito de indignação perante um big mac sem picles, é o grito agudo de uma professora de química meio desequilibrada devido aos abusos da tabela periódica.
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