11/25/2009

Entre o alcool e a paixão

Para Caroline

Uma janela q se abre
Vôo
Voa
Palavras vão e vêm
Em minha embriagues cibeenética: ortografia molecular
moleculino em meus germes, germinando e minando:
vejo a tempestade de outrora do campo de hoje

outrora outras auroras que renasceram
vivo e vejo a paz da guerra
flagro o fato de hoje estar em um transito fluido e translucido
desapaixado e por isso imerso em pérolas ruminescas: mergulhos no vendával:
filmes de paraplégicos a dançar a valsa com Bahshir:
não pude ver o presidente do Irã mas ouvi falar do genocídio armênio

em meu ser bombas são feitas em israel,
mas o que me interessa são
os grilos silenciosos em montanhas falantes
Delirios dos lírios do ser
É assim q as palavras nascem: alcool e paixão
Paixão pelo silêncio
Paixão pelo som
Paixão simplesmente
Paixão sentimento renegado mas amado

a viver a utopia dos sem utopias em busca de heterotopias
na falta delas vou mijar em minha pia
(não tenho mais pinico)

11/21/2009

Por que o homem fala?

Da boca
do estômago, da garganta
profunda de um deus demitido
que arranca as palavras
com a presteza de um alicate em seus dentes
num consultório, não,
num campo de refugiados.

Da carência
exuberante, do complexo
de onipotência, do anestésico
que separa os sentidos
feridos da dor sem motivo
da língua solta, do bom dia
aos cavalos, do zumbido dos mosquitos
engolidos, do faça-se a luz como
falo mal, falo bem, mas falo de mim
do preço do silêncio
da ausência de pálpebras na orelha
de um deus cuja teologia
reside em termos técnicos
como puro
diencéfalo e siringe.

11/08/2009

Espelho



A questão é que as visualidades

prevalecem.

Desde as eróticas asas

até o objeto dos Campos:

sou mais emoção que senso:

sou mais ardor que juízo:

economicamente simbólica:

br*lho

ar*sco

incomedido.

11/07/2009

Sangue
de espelho líquido.

Os intermináveis gestos
opacos
da cidade que se joga
sobre os meus braços
como chuva
de cacos de vidro

meus olhos que afloram
como bolhas
de um lago translúcido.

o reflexo do seu sorriso
com uma gérbera no espelho
do elevador vazio.

Embriagar-se de vermelho
dos sinais, ser menos
o anônimo das ruas
rasgar a pele e tatuar o vento,
sumir do mapa –

um projeto de lucidez
infalível.

11/04/2009

no espelho

Se você tem algo, de fato, a escrever
sobre o tempo, perceba que ainda uma outra
vez ele passou de vez sem que você
soubesse que a chance de dizer as poucas
coisas que lhe foram caras, na esperança
vaga de que tais palavras sustentadas
pelo poema possam, em sua dança,
tatuar num outro corpo a mesma marca,
está perdida: o mundo segue algum
desvio, desesperos portáteis, vãos,
gomorras sem o olhar de um deus, distopia
e corrosão do século vinte e um,
dessublimações, falsa anunciação
que lhe afunda em soul, sexo e melancolia.