Com medo pelas beiradas
O anônimo das tuas
Obras literárias, uma vida a mais, uma vida a menos
Uma obra a mais uma vida a menos duas vidas
A menos uma obra
Uma ova.
Precisar de um bode expiatório
É uma fuga, a arte da perda ao menos
Pode ser escrita, as coisas trazem
Um vácuo por dentro que nos destina
Às perdas. O poeta não
Perdoa mais.
E daí se o livro é uma merda?
Adia-se a aposentadoria, é-se a mentira
De si mesmo, um dia a mais um dia a menos
Pelo menos.
Quando você é vulgar: apenas negocia convenções, não domina os segredos, qualquer um pode dizer que árvore é o nome de uma cidade, que cidade é o nome de uma arma, que arma é um sentimento, que sentimento é o nome de um faraó. A língua epistolar é a conversa vulgar no desentendimento, mesmo que este ocasione encontros repentinos e imprevistos. É quando uma criança autista diz pra você: se o mundo gira, porque você não fica tonto?
1/28/2010
1/24/2010
Terapeuta Abjeção
"Você é a doença, eu sou a cura." (Stallone Cobra).
ESTAMOS AQUI PRA MELHORAR SEU AUTO-ESTIGMA, VOU TE CURAR DA MINHA DOENÇA ESPALHANDO UMA EPIDEMIA, DA MESMA FORMA QUE SUA MÃE COLOCAVA LODO NA MAMADEIRA, O MUNDO VAI SE CURAR DE VOCÊ, O MUNDO É UM FOSSO ONDE FORAM JOGADOS OS DEUSES MORTOS DA MITOLOGIA ANTIGA, ASSASSINADOS PELA OBSESSÃO FAMILIAR DO TERAPEUTA ABJEÇÃO, O PRÓPRIO DEUS É NEVROPATA E O MESMO PSICÓLOGO QUE VAI AOS PROGRAMAS DE TV COMENTAR A ABERRAÇÃO DO ALCOOLISMO DO SUICÍDIO E DAS MÁQUINAS VICIANTES DE BINGO ESFREGA OS OLHOS E JOGA SUA BABA VERDE SOBRE A SOBRINHA DE 15 ANOS NOS CHURRASCOS ONDE O QUE SE COME É PICANHA COM SABOTAGENS TRIANGULARES EDIPIANAS, A PRÓPRIA NATUREZA É PERDULÁRIA, CLEPTOMANÍACA E SOFRE COM DELÍRIOS DE PERSEGUIÇÃO, O IMPÉRIO DOS PSIQUIATRAS É UM BURACO NEGRO QUE SUGA A LUZ À SUA VOLTA E SOLTA DIAGNÓSTICOS, A LUZ ESTÁ DOENTE, O CÉU É UM INSULTO, TODO DIAGNÓSTICO É UM INSULTO, SE VOCÊ NÃO ENTENDE A ALEGRIA DA BOSSA NOVA, EU PODERIA DIZER EU SOU NAPOLEÃO BONAPARTE, TENHO UM COMPLEXO DE MAX WEBER, EU É UM MONOSSÍLABO, EU SOMOS UM ANIMAL GREGÁRIO COMO AS RATAZANAS QUE DEVORAM OS INIMIGOS RECONHECIDOS PELO CHEIRO ALHEIO, EU SOU UM ANFÍBIO DE MONDRAGON, EU FINALMENTE É UMA DOENÇA INCURÁVEL.
ESTAMOS AQUI PRA MELHORAR SEU AUTO-ESTIGMA, VOU TE CURAR DA MINHA DOENÇA ESPALHANDO UMA EPIDEMIA, DA MESMA FORMA QUE SUA MÃE COLOCAVA LODO NA MAMADEIRA, O MUNDO VAI SE CURAR DE VOCÊ, O MUNDO É UM FOSSO ONDE FORAM JOGADOS OS DEUSES MORTOS DA MITOLOGIA ANTIGA, ASSASSINADOS PELA OBSESSÃO FAMILIAR DO TERAPEUTA ABJEÇÃO, O PRÓPRIO DEUS É NEVROPATA E O MESMO PSICÓLOGO QUE VAI AOS PROGRAMAS DE TV COMENTAR A ABERRAÇÃO DO ALCOOLISMO DO SUICÍDIO E DAS MÁQUINAS VICIANTES DE BINGO ESFREGA OS OLHOS E JOGA SUA BABA VERDE SOBRE A SOBRINHA DE 15 ANOS NOS CHURRASCOS ONDE O QUE SE COME É PICANHA COM SABOTAGENS TRIANGULARES EDIPIANAS, A PRÓPRIA NATUREZA É PERDULÁRIA, CLEPTOMANÍACA E SOFRE COM DELÍRIOS DE PERSEGUIÇÃO, O IMPÉRIO DOS PSIQUIATRAS É UM BURACO NEGRO QUE SUGA A LUZ À SUA VOLTA E SOLTA DIAGNÓSTICOS, A LUZ ESTÁ DOENTE, O CÉU É UM INSULTO, TODO DIAGNÓSTICO É UM INSULTO, SE VOCÊ NÃO ENTENDE A ALEGRIA DA BOSSA NOVA, EU PODERIA DIZER EU SOU NAPOLEÃO BONAPARTE, TENHO UM COMPLEXO DE MAX WEBER, EU É UM MONOSSÍLABO, EU SOMOS UM ANIMAL GREGÁRIO COMO AS RATAZANAS QUE DEVORAM OS INIMIGOS RECONHECIDOS PELO CHEIRO ALHEIO, EU SOU UM ANFÍBIO DE MONDRAGON, EU FINALMENTE É UMA DOENÇA INCURÁVEL.
1/12/2010
Os sapos do Manicomio de Mondragon (poema de Leopoldo M Panero)
1.
Ausentes de um plano, os sapos
existem sem objeto.
O sol quente da manhã os envolve,
o vento os acaricia suavemente.
Como a vida da árvore
ou do vento,
assim é a vida do sapo
sem objeto.
2.
Não procure olhos no sapo,
não os tem.
Não procure orelhas
que não tem.
Pra que serve a boca
não sabe.
3.
Um sapo é um círculo, um sol virado pra dentro.
Caminha como os bois – lento como o tempo.
Não há céu que não se vire
de costas quando ele volta
para cima o seu olhar.
4.
Os sapos do Norte
vêm buscar os do Sul.
Encontram o mesmo rosto
e a mesma baba azul.
5.
Não falam dos sapos os homens
que vivem na cidade.
Refugiam-se em suas casas
quando os ouvem passar.
6.
Como um gerânio apodrece
os sapos vivem suas vidas.
Escutam passar as moscas
espantam-nas quando podem.
Como aos corvos a noite
Lhes é sempre favorável.
7.
Têm medo de crianças
e aves, os sapos.
Uma cor pode matá-los
acostumados ao negro.
8.
Surge a aurora no céu,
o sol se esconde atrás dos montes.
Como o passo do sapo
pelos bosques.
9.
Os sapos e as cobras
levantam a pedra e saem
quando o dia escurece
e chove fogo do céu.
10.
São irmãos dos abutres,
assemelham-se a corvos,
conversam com serpentes,
e emudecem
diante de um pássaro preto.
11.
Não têm fé no futuro
os sapos como as aves.
Caminham sobre túmulos
deixando neles suas babas.
12.
Em dias de lua cheia
o sapo se esconde nos bosques.
Quando amanhece, a aurora
o persegue pelos montes.
13.
O jasmim invade os campos
enquanto o sapo se arrasta
com uma espinha no flanco.
14.
Os sapos não têm nome
Quando morrem no monte.
Ausentes de um plano, os sapos
existem sem objeto.
O sol quente da manhã os envolve,
o vento os acaricia suavemente.
Como a vida da árvore
ou do vento,
assim é a vida do sapo
sem objeto.
2.
Não procure olhos no sapo,
não os tem.
Não procure orelhas
que não tem.
Pra que serve a boca
não sabe.
3.
Um sapo é um círculo, um sol virado pra dentro.
Caminha como os bois – lento como o tempo.
Não há céu que não se vire
de costas quando ele volta
para cima o seu olhar.
4.
Os sapos do Norte
vêm buscar os do Sul.
Encontram o mesmo rosto
e a mesma baba azul.
5.
Não falam dos sapos os homens
que vivem na cidade.
Refugiam-se em suas casas
quando os ouvem passar.
6.
Como um gerânio apodrece
os sapos vivem suas vidas.
Escutam passar as moscas
espantam-nas quando podem.
Como aos corvos a noite
Lhes é sempre favorável.
7.
Têm medo de crianças
e aves, os sapos.
Uma cor pode matá-los
acostumados ao negro.
8.
Surge a aurora no céu,
o sol se esconde atrás dos montes.
Como o passo do sapo
pelos bosques.
9.
Os sapos e as cobras
levantam a pedra e saem
quando o dia escurece
e chove fogo do céu.
10.
São irmãos dos abutres,
assemelham-se a corvos,
conversam com serpentes,
e emudecem
diante de um pássaro preto.
11.
Não têm fé no futuro
os sapos como as aves.
Caminham sobre túmulos
deixando neles suas babas.
12.
Em dias de lua cheia
o sapo se esconde nos bosques.
Quando amanhece, a aurora
o persegue pelos montes.
13.
O jasmim invade os campos
enquanto o sapo se arrasta
com uma espinha no flanco.
14.
Os sapos não têm nome
Quando morrem no monte.
1/04/2010
Em Salvador com Leopoldo Maria Panero
A luz filtrada pelas nuvens é ainda mais avessa aos olhos – a criança grita como se a certidão de nascimento estivesse em jogo e as nuvens fossem a porra de seu pai – édipo destronado – jesus vai se enforcar com a corda de um violão – os pescadores esculpiram a sereia com dendê, fezes e esperma – o segredo da espuma – o mar verde cor de detergente – crianças brincam na espuma, bolhas de sabão, porra e limpol, para os pais apenas o choque natural entre sal e água – o mar da história é felicidade de espuma – o medo é ar parado, pesado de salitre, verde onde os escravos nunca estiveram – são francisco come os pássaros e mergulha no ouro – onde os escravos nunca estiveram, como a espuma da história, a lenda germina e cria um vazio de lodo, um colchão de ar que sustenta o comércio – os paralelepípedos são de sangue coagulado – o coração vivo do oligarca dorme na estátua erigida com esperma de seus descendentes, eles se espalharam pelo estado e são donos de pousadas, contrabandistas, escroques e estupram Mnemosine – Mnemosine é uma cachorra, uma puta que proclama lições de moral em frente ao mar.
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