Quando você é vulgar: apenas negocia convenções, não domina os segredos, qualquer um pode dizer que árvore é o nome de uma cidade, que cidade é o nome de uma arma, que arma é um sentimento, que sentimento é o nome de um faraó. A língua epistolar é a conversa vulgar no desentendimento, mesmo que este ocasione encontros repentinos e imprevistos. É quando uma criança autista diz pra você: se o mundo gira, porque você não fica tonto?
1/04/2010
Em Salvador com Leopoldo Maria Panero
A luz filtrada pelas nuvens é ainda mais avessa aos olhos – a criança grita como se a certidão de nascimento estivesse em jogo e as nuvens fossem a porra de seu pai – édipo destronado – jesus vai se enforcar com a corda de um violão – os pescadores esculpiram a sereia com dendê, fezes e esperma – o segredo da espuma – o mar verde cor de detergente – crianças brincam na espuma, bolhas de sabão, porra e limpol, para os pais apenas o choque natural entre sal e água – o mar da história é felicidade de espuma – o medo é ar parado, pesado de salitre, verde onde os escravos nunca estiveram – são francisco come os pássaros e mergulha no ouro – onde os escravos nunca estiveram, como a espuma da história, a lenda germina e cria um vazio de lodo, um colchão de ar que sustenta o comércio – os paralelepípedos são de sangue coagulado – o coração vivo do oligarca dorme na estátua erigida com esperma de seus descendentes, eles se espalharam pelo estado e são donos de pousadas, contrabandistas, escroques e estupram Mnemosine – Mnemosine é uma cachorra, uma puta que proclama lições de moral em frente ao mar.
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