Quando você é vulgar: apenas negocia convenções, não domina os segredos, qualquer um pode dizer que árvore é o nome de uma cidade, que cidade é o nome de uma arma, que arma é um sentimento, que sentimento é o nome de um faraó. A língua epistolar é a conversa vulgar no desentendimento, mesmo que este ocasione encontros repentinos e imprevistos. É quando uma criança autista diz pra você: se o mundo gira, porque você não fica tonto?
12/27/2010
Gravura de Escher
Dois olhos se mirando. Quem gravou essas finas pétalas negras, como um sol absorvendo a luz num suave céu de castanho noturno.
Dois olhos se mirando: entre eles não há espelho, o corpo é um anjo formado por anjos. A alma não é una coisa sólida, é miríade, íris, anjos migrando de um céu a outro e falando aos meus olhos em línguas outras, desconhecidas
minhas.
Quem gravou essas pétalas negras por dentro dos meus olhos. Minha memória, um momento de anjos falando em mim por línguas estranhas.
Corpo é anjo formado por anjos e cada anjo que perco e se encontra nestes outros olhos canta sua música silenciosa, abstrata e carnal. Os anjos cantam da vida, cantam de pétalas negras em céu noturno, silencioso e pulsante de quase palavras, miríades de nomes do amor. Íris:
amor, os seus nomes (de anjos) estão gravados em mim
à maneira negra.
Dois olhos se mirando, tateando-se. Táteis como o encontro de peles, suave calor que brota dos seus olhos, finas pétalas negras em céu castanho, anjos cantando sua língua de flores, impossíveis e reais, num céu noturno que desenha à maneira negra
meus signos. É estranha, convulsiva a língua dos anjos, gravada com finas pétalas à maneira negra nos seus olhos silenciosos cantando à maneira dos corpos que se encontram, não como espelhos, em impossível céu de anjos.
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