Da natureza do tempo
Do início ao fim
Não ser
Natureza.
Hora tempo é viscoso
Fluido vagar
Num aquário ácido
E espesso
O mundo é musgo
Luz molhada
Grudada nas mãos, óleo
Dissecando as horas e o tempo
Não passa, mergulha
Pássaro lento
E faminto no lodo.
Hora tempo é caminhar
Nos túneis de Brasília
Sanguessugas nas veias –
Anemia parteira de fantasmas,
Tempo de desistir.
Hora tempo é campo aberto
Ser observado
Ave de rapina
Sangue nos olhos, arame farpado
Ligando a desgraçada marionete
E a morte.
Você doa sangue
Ao sol e a luz pesada
Do fim dos tempos que não cessa.
Hora o tempo prolifera
Palavras ocas de almas secas
Gravetos estalando sob o sol
E você pede que o tempo se cale,
Mas lá
O tempo não é, seria preciso
Um exorcista de relógios –
Os ponteiros são espinhos.
(Ou que o desejo envolvesse
O tempo
Num renovado
Abraço viscoso)
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