11/29/2010

e tudo mais jogo num verso



Como vai (de repente vi um fundo de lodo debaixo da superfície dos seus olhos) vou indo (luz lâmina fria) você vai bem (o tempo corroeu a palavra eternidade) eu vou bem (não sei o que por no lugar desta máscara) te conheço de algum lugar (a única beleza espontânea desse dia foi a que aumentou sua solidão) nem te falo (o silenciamento vira uma sanguessuga em sua língua) uma regra bem azeitada ameniza a distância (anemiza a proximidade) espontaneidade é um conceito construído historicamente (não sei ser espontâneo) qualquer dia desses (o calendário é uma zona cinzenta) a massa cerebral é cinzenta (o azul cinzento de um dia a menos) a cor cinza indica independência (o desejo caiu em cima de mim como cinzas de um cigarro vagabundo) como eu ia dizendo (luvas de pelica, o cinza do dia me deu um tapa na cara) o romantismo dramatiza tudo (sente o drama) pois é (onde está aquele moleque burro que acreditava na novela das oito) sem saída (não há confusão que distraia a fina costura de um drama risível e irreversível) destino é uma palavra entre outras (um mar se abriu em algum lugar indefinido, sou verde por dentro) enfim (toda máscara tem uma cicatriz de ferida real por onde a alma sangra) nenhum sonho resiste ao rigor da filosofia analítica (ao furor) a base de toda pesquisa histórica é a sensatez (o cético come espelhos no café da manhã) qual é a sua corrente (agora entendi o sentido do verso vou sair sem abrir a porta) uma conversa civilizada sobre o conceito de vingança (foi como se as rodas dentadas das pálpebras de Oito-Olhos) pois não (queria ser a sombra da marionete de um avatar de um robô sanguíneo) pensemos na história da palavra reação (estar em n lugares ao mesmo tempo) outra vida é possível (outra vida é possível).

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