1. O escudo de Aquiles,
PanAmérica XXI
bustrofédon
escrevendo pra apagar
os rastros
alastrando rasuras
sobre um escudo
(ao centro o Oito-Olhos,
depois eremitas e seus palimpsestos,
coqueiros bidimensionais,
e um lago de águas paradas,
no círculo seguinte alto-falantes
e cidadãos deitados em divãs psicanalíticos.
no último círculo satélites
antenas parabólicas
e o sol em cores primárias
sustentado por mãos invisíveis
de unhas vermelhas reluzentes)
escrevendo à navalha no escudo
no escud
no scud
no scuro
no escuro
2. Vá de retrato
O que temos?
nós que, não sobrevivemos,
mas vivemos do dilúvio.
no espelho verde-irônico, contra o sol vermelho,
a arca descomunal e seu capitão:
cabra-velha parida não sei onde
cara de anjo pinto de marmanjo
a mula que cagava dinheiro
na mão direita uma pomba,
na mão esquerda um corvo e a letra B
e os 7 pares de bactérias homicidas.
deus, alá, satã ou jeová
quem criou a desmesura deste leviatã?
3. Guerra Total em Estilhaços
Nada escapa ao que jamais mergulha,
à maresia,
à invasão de Mar & Cia
no litoral.
a semprevigilante
câmera de oito-olhos de sal
carcome o que cerca,
a boca insone
mastiga tudo o que se cria
em matéria de coisa durável
desde que o mundo é mundo
do cetro contabilista de Posêidon
ao panóptico do mar
o tempo maresia,
maresia o ferro de passar roupa
e a sede em tua boca
os cetros de metal
e as lentes de leviatã
as cercas de arame farpado
e os bólidos de Baal
a descomunal arca de aço
e os 7 casais de sereias holográficas.
nos braços de novos poetas românticos
a ferrugem aparece como tatuagem
em traços que lembram corvos ou pombas,
eflúvios oceânicos em seus olhos de sal.
os comedores de bandeiras
são ainda mais letais
com as ambivalentes dentaduras
da maresia em desmesura.
4. Sem ramos de oliveira
a inavasão de Mar & Cia no litoral,
prolonga-se além dos esperados
150 dias
os pássaros não têm mais onde pousar:
indefinidamente,
seremos feras submarinas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário