o álbum de toda a minha vida erótica.
eu queria morrer:
o álbum de toda a minha vida erótica por apenas R$ 1,99 num bazar que comercializa pirulito, bombinha e revólver de espoleta. letreiro imenso, de neon, cor verde militar.
é tempo de tortura.
*
os negativos gritam na sala de revelação. correspondências.
se nas fotos aperto o bico dos seios, na outra margem me enforco. (a corda presa ao gancho em que mamãe estendia a rede durante o verão.)
para cada imagem em que surjo deitada, na cama, uma tragédia naquela sala. atropelamento: o sangue empoça no asfalto. é vermelha
a luz.
boquete, suicídio: tiro pela boca.
anal, empurram-me de um poço estreito, fundo, noturno. (abro os braços e as pernas para me amparar nas laterais do PVC, mas o limo não perdoa: escorrego devagar por este cano
metafísico. fisicamente metido
em mim.)
*
é tempo de tortura. um sargento sem corpo, sem voz, sem lugar, emerge deste açude escuro (no furo) do pensamento.
ouve-se o apito: mortos dormem em posição de sentido.
***
(Também publicado em De Ter de Onde se Ir).
5 comentários:
PS - Eu tinha pensado em publicar outra coisa aqui hoje, um poema breve e bem impessoal, mais leve, que escrevi faz umas três semanas... Mas como aqui já tem outros desta série de sonhos, bueno, segue...
Acho que este poema tem tudo a ver com o LE, Mar. Já tinha lido demoradamente (e repetidamente) no DTDOIr e achei que o que o seu poema discute tem muitos ecos em poemas do Daniel, da Eliana, do Anderson e meus. Então que bom que ele está aqui agora... Beijo,
Aldemnar
tem uma pegada bem lingua epistolar mesmo! gostei.
:), eu tbm tinha achado que dialoga com os textos daqui, com o 'tom' do língua...
tri!
FUI!
Olá a todos!
Devo me desculpar pelas ausências, mas você Mar é uma grande descoberta poética. Você é destas que mesmo após ler, continua a ressoar dentro, como um espinho no nervo, e devo admitir que é a única literatura que me interessa.
Abraços a todos meus irmãos do LE, e muitas conquistas em 2012!!
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