O medo de ficar só é que so
mente ninguém nunca fica só, tantas estrelas – má sina – ocultas detrás
do sol.
quando vocês falam, me calo – me calo as vozes que falam comigo, calando
fundo – quem são vocês, que demônios cultivei
em mim, ou cultivaram mãos alheias, vozes estranhas, quando estou
na balbúrdia do dia elas se calam, quando vocês falam
papo água, tagarelice, tudo é melhor que este silêncio povoado
de vozes – estrelas de má sina, absinto, quando me fecho em meu silêncio – quando acordo
como são acordados os insones – quero dormir ao lado de vocês, sonhar como se eu fosse um estranho a mim mesmo, ausente
mandem notícias
estas vozes me corroem por dentro, estrelas de lodo sobre meu isolamento, vozes grudadas na parede, vozes de mortos
amados pelas ruas, presença sinistra à minha sombra, estrela de má sina, desgraça de não ser um
só.
5 comentários:
Lindo demais. Ficou melhor assim, se não for o mesmo que já li anteriormente.
é o mesmo. mas aqui deu pra botar na configuração que eu queria.
As imagens da má sina...
A imagem da solidão cercada.
Acho bacana quando algumas de nossas preocupações são comuns. Escrevi assim num soneto:
".........................Sou
refém de um animismo primitivo
e me queixo às coisas quando, em repouso,
penso dizerem verdades que ouço
e simulo crer, como no destino
ou na maior parcela das pessoas:
é uma solidão este tumulto
que me ladeia."
Abração! Muito bonito mesmo, Daniel. E parabéns pela Zunái! Está especial a sua participação. Me senti meio sócio da parada... aahahaha
Gostei muito do que já li do Daniel Faria. Mas todo o blog é muito bom. Um prazer vir aqui. Quebrado brevemente o silêncio, volto por ilusão para ele - as vozes que falam comigo. Abraços.
legal, Roberta. seja sempre bem vinda! pra mim é ótimo saber que uma leitora/poeta como você gosta do que escrevo. porque você sabe que é recíproco, né?
Abraço.
Postar um comentário