11/01/2014

Noite passada fui tragado por um espelho
            Alguma coisa de líquens vampiros naquelas margens,
            De seres desclassificados na sedimentação do rancor
            Como se do outro lado do espelho
            Da vida, imerso em nada mordente de musgo,
            Meu sangue se esverdeasse todo em transparência
            À intensidade anímica de um porco espinho.

            Não há reflexo que não vomite monstros
No sonho da razão.

Nada de palavras que não arrombem simetrias.

            Você não vai se reconhecer.

            *
            Você ainda pensa que estão te esperando
            Mensageiros, espiões, ou todos aqueles
            Que foram massacrados no caminho.

            Você acredita que o tempo é todo seu.
            O tempo, essa vertigem de arames enrodilhados
            No vazio deixado por deus quando suicidou-se em universo         
            Conheceria bem os seus projetos.

            Você ainda supõe cautela e justiça
            Rumo a um final de sabedoria
            E que toda premeditação um dia será premiada.

            Você, com essa coroa de punhais caindo da janela
            Você, em cujo peito se anuncia uma constelação
            De vagalumes alucinados
            Gritando seu nome, o seu nome podre, na surdez pétrea do mundo.

            

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