Quando o espaço tiver
minguado em seu próprio espalhar-se que dilacera proximidades, pode ser que nasça
aquilo que será o sem-perguntas e sem-respostas, a rememoração absoluta do anjo
futuro que apenas sonhará à beira de um buraco-negro. Posso até acreditar que essa
divindade que nada cria e apenas revisita o que houve pode se deter num instante,
um lapso em torno de toda engrenagem ao redor, passando do mais ínfimo ao
imensuravelmente imenso em suas articulações, como um teatro nô da história do
universo. Isso se deteria no momento em que uma suave silhueta se revelou sob
nuvens diante de uma cerca enferrujada, no entardecer que ora eu via em roxo
ora em verde, a face desenhada em cinza ao contrário sobre a paisagem cinzenta,
todas as cores se depurando no clarão corrosivo da implosão da atmosfera. E esse
último suspiro da natureza seria lindo – e assustadoramente solitário.
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