1/24/2007

Quero ficar perto de ti

O que acontece quando se alcança a poesia?
a pergunta assim de chofre
cintila o ar e você responde embaraçado
- te levo agora para esclarecer
e se é preto no branco
o branco no preto exorciza
porque tudo é mais simples que eu.
o teu olhar desencontrado soma
verso limpo
reverso sujo
e se patinasse nas palavras um desejo?
a coisa ínfima
alguma coisa.

11 comentários:

Daniel F disse...

Oi Masé,

estava sentindo falta da sua presença por aqui. Gosto muito da sua firmeza na escrita, quase gestual, mas ao mesmo tempo com uma sintaxe com boa dose de singularidade que dá uma tonalidade bem marcante aos poemas (já especulei se isso não se deveria aos anos fora do Brasil, se for, mais uma prova de que viajar sempre é bom...). Sobre o Ruffato, engraçado porque acabei de pegar pra ler, estou preparando um curso sobre literatura e violência no Brasil, então agora virou obrigação. Qdo ler, trocaremos impressões. Um beijo,

Daniel.

Aldemar Norek disse...

gosto muito deste poema, do título new-brega à tensão do´corpo do poema.
Talvez trocasse reverso por anverso, talvez, por conta de ritmo na leitura, e sem prejuízo do sentido.
bjs

Masé Lemos disse...

oi pessoal, fico contente com o retorno
vou pensar no anverso aldemar

alias "peguei" o titulo de um poema da Ana Cristina Cesar... assim, perto da poesia, de alguma coisa...

beijos

Eliana Pougy disse...

Ô mulher japonesa, sô! Viu Memórias de uma gueixa? Adorei.

Masé Lemos disse...

não vi não, mas pq japonesa e gueixa, me explixa, não entendi
ontem vi babel e adorei

Eliana Pougy disse...

Eu acho teu texto super japonês, a coisa do instante observado, da delicadeza, da essência. E tem uma quase-surrealidade, um lado meio inocente, encantador. Me manda o teu endereço que eu vou te mandar um livro meu e um livro que li chamado A Casa das belas adormecidas, do Kawabata. Um trechinho: “Uma mulher mergulhada no sono, que não fala nada, que não ouve nada: não seria, por outro lado, o mesmo que falar tudo, escutar tudo de um velho que já não tem virilidade para fazer companhia a uma mulher? Para Eguchi, entretanto, essa era sua primeira experiência com uma mulher desse tipo. A garota, por certo, já devia ter experiência de deitar-se com velhos como ele. Entregava-se totalmente e ignorava tudo, mergulhada no sono letárgico tal como uma morte aparente, deitada com um rosto quase infantil e respirando com tranqüilidade.”

Eliana Pougy disse...

Ah, e o Memórias de uma gueixa vale pela música e pelo visual. A história é bobinha, coisa e tal, mas é lindo de ver. Tem pra alugar.

Aldemar Norek disse...

pois é. Gosto muito da Ana C.
comprei o Inéditos e Dispersos dela anteontem, na "Mar de Histórias" em Copa.
Uma das coisas que gosto nela é que ela rouba coisas de vários registros: versos de outros, trechos de músicas (algumas bregas, outras antigas).
daí o new-brega....
e ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão....

Anderson Dantas disse...

Aldemar e você já leu A Teus pés, da Ana Cristina? no meu blog postei um poema dela.

Aldemar Norek disse...

li sim, Anderson - tenho este livro desde os anos 80. li e treli.
Apesar disso estou me surpreendendo com o Inéditos e Dispersos. Umas coisas bem interessantes.
abração.
vou lá ver, no seu blog.

Haemocytometer Metzengerstein disse...

Adorei esse verso:
"e se patinasse nas palavras um desejo?"
Mas é claro que é uma progressão, e ele só faz tanto efeito junto com todos os outros. Bejo.