7/31/2007

nº 7





Sou dedicado à barganha com o Presente – ele é quem dá as cartas. Saquei
o único cartão vermelho ao verso e nada se modificou: a superfície das coisas
permanece impenetrável.
Só que me fode os nervos – teu mal é comentar o passado – no que parece uma droga barata, e eu quero mais. Prossigo: de um lado o barulho das ondas,
do outro, as putas da avenida (uma delas disse que te amava) e esta cidade
é um mapa repleto de casas suspeitas, almas suspeitas, todas as almas
são territórios de enigma e dissipam calor em labirintos de afeto
em carne viva. O coração estendido sobre o asfalto como um puzzle
de frases inesperadas, vilipêndios, bilhetes de amor escorraçado,
soníferos, quartos de hotéis de quinta, largas avenidas, céus da infância.
O celacanto espera um cataclisma, um lance fulminante, napalm – tudo
e qualquer coisa é melhor do que o veneno lento destes dias.

4 comentários:

Daniel F disse...

Gostei muito deste Aldemar, muito mesmo. Parece aquela "vou seguir os conselhos de amigos, e garanto que não beberei nunca mais...". Ou aquele filme tipo C "Pague para entrar, reze para sair" e por aí vai.

Abraço!

Aldemar Norek disse...

tem uns orixás que nos perseguem, onde quer que a gente vá. Assim Cartola, Nelson Cavaquinho, Geraldo Pereira, Assis Valente....acho que você tem este vírus também...

ah, e adorava assistir filmes B e noir das décadas 40/50, antigamente....:)

obrigado pelo comentário, Daniel.

Anônimo disse...

Aldemar,
Estou usando este espaço indevidamente, uma vez que é apenas no intuito de estabelecer contato com você. Meu nome é Maurício, sou amigo/irmão do Jessem. Por favor, entre em contato comigo: maufujiyama@gmail.com.
Obrigado.

Daniel F disse...

Pois é Aldemar,

o filme que eu citei está pra lá de noir. é da época áurea do Supercine, antes de invenção da Tela Quente às segundas, que ocasionou uma sensível queda de qualidade nos filmes da tv...rs Tem esse e outro, o clássico dos clássicos, não me lembro o nome, mas era sobre umas gangues uniformizadas em Nova Iorque (me lembro do pessoal de patins etc).
Ás vezes penso: porque comecei com essa merda de ler poesia? Acho extremamente ridículo, além de mentiroso na maioria das vezes, e desncessário mesmo que verdadeiro,esses caras que em entrevistas dizem "comecei a ler Dostoeivski com 12 anos de idade", "lá em casa tinha os livros do Machado de Assis, foi com eles que iniciei minha alfabetização" etc
Ò vida, Ò azar! Qual é a graça em ser uma aberração?