8/04/2007

Qualquer vida cabe em poucas frases

1. Seja bem-vindo
ao Triângulo do Sol.


2. Todo homem de bem
deve ter
ao menos um
revólver (proteger-se
contra suas propriedades &
avançar
contra seu renome).

3. “Alegria desesperada”
no fim do corredor, daí
vomite no mictório

(e se eles não sabem
o que sentem?
)
se ninguém disser os nomes
ainda assim o nariz
distinguiria
(no Hades), covarde.

4. A vaga
é do Marlon
(ex
oesqueleto, exponha-
se ou tenha um ataque
de nervos).

5. Fourier
Prometeu melhor:
um ataque de neros.

6. O mistério é fácil,
enigmas não passam
de engenhosidades
post-barrocas
Gessy-lever
ou se revolver em
arcanos de horoscopia,

vida privada
de sentido:

a potência está contida
na palavra Não.

5 comentários:

Aldemar Norek disse...

Daniel, gostei do poema. Tem umas coisas legais ("A vaga é do Marlon" é demais.../ o ataque de neros/o lance do mistério post barroco horoscopista/etc)...
Às vezes só acho um excesso certas referências como a Fourier, que limitam a recepção e podem intimidar o leitor. Mas posso estar errado e praticando um neo-populismo poético. Ou não.
abração

Daniel F disse...

Pois é Aldemar, acho legal a gente pensar sobre a função dos nomes de pessoas citados num poema. é um caminho certo pra não ser compreendido: você já leu O Inferno em Wall Street?. Ou pior: considerado pedante, academicista. Pra mim, no caso do Fourier, o importante é que não coloquei aí pra impressionar ninguém. Mas sei que mesmo quem já ouviu falar, pode achar que está sobrando no poema. Porque o coitado do Fourier caiu no total esquecimento, enquanto merdas como Marx e Comte são badalados e causam estrago. O que me interessa é o libertador obscuro, o cara que ousou prometer a inocência total para o corpo etc. Acho que é isso: Fourier está aí porque é libertador e porque é obscuro. Porque se tenho esperanças, acho o otimismo uma babaquice.
Agora, Aldemar, o Marlon, este sim é um nome que intimida...rs E só uma observação: o nome fica melhor se prounciado Marlôn e não Márlon, é assim que é lá em Goiás.

Abraço!

Aldemar Norek disse...

Mas pq Goiás?

Aldemar Norek disse...

Sim, sobre a obscuridade. è que tenho o vício da pretensão num certo didatismo na poesia (ou a ânsia de ser compreendido, o que é pior ainda!), o que não tem nada a ver. E gosto muito de certos obscuros, como o Piva. Talvez, pensando agora, exista uma tensão entre esta "obscuridade" e uma certa limpidez no seu texto. Não sei se me fiz entender.
abração

Anônimo disse...

salve daniel, postei em meu blog seu texto que foi publicado na revista lasanha, em que também escrevo. está com crédito e link pro língua epistolar. abraço