8/30/2007

Com o seu aparecimento todo o céu ficou cinzento e São Pedro zangado

Dia nublado.

Você pensa que
A névoa é cinza
Mas outra camada
Do pensamento
Pressente a fumaça
Com pétalas e corpos
De animais carbonizados
Dançando no ar, em espirais
Caindo nos pratos
Nos copos de cerveja

Nas mesas dos funcionários.

*

As cinzas caem
Na mesa em que
Um sujeito reclama
Que o seu avatar
No second life
Ganhou vida própria
E gerou dívidas
No cartão de crédito:
Então é como se Deus
Estivesse fumando
E a cidade fosse o cinzeiro
Ou como se o Anjo
Caído vomitasse
Depois de ter passado
Toda a eternidade
Mastigando bitucas de cigarro.

*

A névoa cai na mesa
Em que o sujeito
Metido a professor
Com olheiras cinzas
Acredita que avatar
Remete a buda,
A cristo, ao nome
Que caiu sobre sua cabeça
Como restos de um paraíso
Incinerado,
Espalhados pelo vento.

*

Aqui o sol se põe
De um jeito especial.

Um comentário:

Aldemar Norek disse...

Daniel, veja q engraçado.
O que moveu o poema aí acima me aprece com o que deve ter movido o seu.
abração