1/31/2008

Falado

não deu pra fazer o retrato falado do mundo, meu amor

retirando as escamas da imaginação (repara o brilho
de prata, fugidio,antes de mergulhar
na sombra, sem a menor possibilidade
de sonho) sobrou esta substância
informe, espessa e sem mágica
que a gente depois pendura em ganchos
nos incêndios sucessivos (onde quem se queima
somos nós) das palavras.

2 comentários:

Eliana Pougy disse...

Adorei, adorei, adorei, Norek. Eu gosto muito desses poemas em que o sentido nem conta, não faz falta, mas que o som e o ritmo me prendem. Acho que uma palavra boa para descrever essa coisa é melodia.

Aldemar Norek disse...

Valeu, Eliana. Eu também sempre fui muito ligado (nas coisas que leio) ao ritmo e ao som. Aí, acho meio que inevitável escrever um pouco assim - mas o sentido me importa sim, algo como traduzir o que se passa no tempo.
bjs