A memória não mora
Na cabeça, é na boca
Do estômago
Que se come a memória.
Pergunte ao gato
Que persegue um besouro
A lógica da alegria –
Ele sabe o motivo.
Mas logo esquece o que sabe
E esquece que esquece
E vive fora do tempo
Das suas perguntas e não entende
Porque você lambe o osso
Das lembranças, como uma besta
Faminta.
É no vômito
Criado pela bílis dos mercenários
Injetado como soro intravenoso
Em seu fígado
Que se respira a memória, e tem mais
Você nunca vai se esquecer disso:
Por um precinho camarada os mercenários jogarão o gato morto num aterro qualquer de Cuberlândia, em troca você leva um buraco pesado como chumbo entubado em seu esôfago
como recordação.
Um comentário:
Esta transformação do não-físico em físico (ou aproriação) acho um tema legal, instigante. Corpo e poema falam parecido.
Abraço
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