11/05/2008

A memória tem seu preço

A memória não mora
Na cabeça, é na boca
Do estômago
Que se come a memória.

Pergunte ao gato
Que persegue um besouro
A lógica da alegria –
Ele sabe o motivo.
Mas logo esquece o que sabe
E esquece que esquece
E vive fora do tempo
Das suas perguntas e não entende
Porque você lambe o osso
Das lembranças, como uma besta
Faminta.

É no vômito
Criado pela bílis dos mercenários
Injetado como soro intravenoso
Em seu fígado
Que se respira a memória, e tem mais

Você nunca vai se esquecer disso:

Por um precinho camarada os mercenários jogarão o gato morto num aterro qualquer de Cuberlândia, em troca você leva um buraco pesado como chumbo entubado em seu esôfago

como recordação.

Um comentário:

Aldemar Norek disse...

Esta transformação do não-físico em físico (ou aproriação) acho um tema legal, instigante. Corpo e poema falam parecido.
Abraço