11/01/2008

nº 91


Lugar nenhum. “Se as palavras tocassem
o real (servido sempre
em postas
”, ele disse, “às vezes
quente como os hormônios turbilhonando
pelas veias) só me achariam
nas entrelinhas, fora
de tudo, ou
nem aí, deslocado
qualquer sentido que se deposita
sobre as coisas
”. Foi quando,
abraçado aos fatos, você formulava
outra religião com os estilhaços que lhe vinham
olhos adentro, cravados um a um
na carne da alma, carne
de um nome, palavra, se isso for
a alma – desprezando
as distorções da imaginação até devastar
todas as cenas, até
não sobrar outra escolha a não ser o deserto
para erigir o templo, num
prolongado silêncio entre
as miragens.
(das "Notas Marginais")

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