3/05/2009

Oito-Olhos, codinome Marco Antonio Villa

Vou mudar um pouco, mas só um pouco, a inflexão do blog. É que hoje fiquei com vergonha de ser historiador. Depois de ler um texto daqueles "contrafação de Oito-Olhos" de arrepiar os cabelos, no contexto da questão infame da "Ditabranda". Pensei em elaborar uma resposta. Comecei a escrever. Mas a tarefa é quase interminável. O que privilegiar num comentário crítico: as mentiras apresentadas por Oito-Olhos, os sofismas, as trapaças chanceladas pelo cargo de "historiador" ou as chantagens? Basta dizer que, com argumentos como os apresentados, OitOVilollhOs poderia defender o nazismo, o fascismo ou qualquer forma de governo. Afinal, eles também foram produtivos culturalmente. Resolvi então por aqui uma citação que eu tinha separado para a série Amérika. É do prefácio do Whitman a leaves of grass (só não sei porque traduzem por folha da relva ao invés de folhas da grama, é pra ficar mais bonitinho?). Aí vai, na tradução de Rodrigo Garcia Lopes:


"Quando a liberdade vai embora, ela não é a primeira nem a segunda ou a terceira a ir embora... ela espera que o resto parta primeiro... é a última a partir... Quando as memórias dos velhos mártires se apagarem totalmente... quando os grandes nomes dos patriotas forem ridicularizados em salas públicas pelos lábios dos oradores... quando não se derem mais aqueles nomes aos meninos e sim os nomes de tiranos e ditadores... quando as leis dos que são livres forem permitidas de má vontade e as leis dos dedos-duros e dos assassinos de aluguel se tornarem doces ao paladar do povo... quando eu e você passearmos lá fora sobre a terra afligidos de compaixão ao avistar inúmeros irmãos respondendo com igualdade à nossa amizade e sem chamar ninguém de mestre - e quando ficarmos exaltados com prazer nobre ao vermos escravos... quando a alma se retirar para a comunhão refrescante da noite e avaliar sua experiência e sentir imenso êxtase pela palavra e pelos atos que colocam uma pessoa impotente e inocente nas garras dos carrascos ou em qualquer posição de cruel inferioridade... quando aqueles em todas as partes destes estados que poderiam perceber o verdadeiro caráter americano mas ainda não o fazem - quando as pragas de puxa-sacos, sanguessugas, pusilânimes, parasita de políticos, planejadores de armações e dissimulados a favor de sua própria nomeação para cargos municipais ou legislaturas estaduais ou para o judiciário ou o congresso ou a presidência, obtiverem uma resposta de amor e complacência natural do povo quer consigam seus cargos quer não... quando for mais vantagem ser um imbecil decidido e um trapaceiro com cargo e um alto salário do que o mais pobre mecânico livre ou fazendeiro com o chapéu imóvel em sua cabeça e olhos firmes e um coração cândido e generoso... e quando o servilismo do município ou estado ou do governo federal ou qualquer opressão em larga ou pequena escala puder ser provada sem que sua punição siga em exata proporção contra a menor chance de escapar... ou então quando toda a vida e todas as almas de homens e mulheres forem banidos de todas as partes da terra - só então o instinto de liberdade terá sido banido daquela terra."

PS: Só tem uma coisa no artigo que parece inquestionável. Por aqui, a liberdade nunca foi bem vinda. Oito-Olhos deu mais um testemunho (e não uma análise) disso.

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