Gato se esconde no lençol –
O medo dos ecos
Que agora moram na sala.
* * *
Os ecos chegaram primeiro
Os ecos serão os últimos
Depois da luz apagada e da porta –
Trancados por fora.
* * *
Sala branca, território
Livre para os barulhos da rua:
Gritaria de ecos na sala vazia.
* * *
Gato se esconde na mala –
Conversa de ecos
Na sala desabitada.
* * *
Onde o gato se meteu? –
Ecos conversam
Sobre o medo na sala branca.
* * *
Gato e ecos trocam
Idéias sobre o vazio:
Luz apagada, sala sem móveis,
Mala enviada como relíquia
No caminhão de mudanças.
* * *
Na chegada eram dois
Gatos e oito ecos, na saída
Um gato a menos e quatro
Ecos a mais.
* * *
Gatos se tornam ecos
Quando morrem na cidade
Vazia, ecos são guardados
Nas malas, como relíquias.
Nas malas vão vestígios das salas, vazias.
Um comentário:
Este é um dos poemas seus que mais gostei até hoje.
Este jogo entre permanência e seu oposto - mas um oposto que ainda insiste como eco (é umma metáfora da memória que fica falando?)
E os gatos como o lance animal, muito bom.
Vou reler.
abração.
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