ela reclama os restos de inocência
guardados na bolsa
como lixo reciclável –
sob a luz seca
de uma cidade amputada
por estradas e pela natureza
do cerrado –
e eu me explico
eu, o demônio escondido no bolso
do homo sapiens
como eu poderia ser normal
querida
debaixo deste sol de sanguessugas
se há tempos respiro o bolor
de papéis velhos e meu sangue
é verde-musgo, como a lama
de um poço inventado por Poe.
só me resta a esperança
de não ser inofensivo,
deixa de lado a reciclagem
e vamos fazer
um jogo dadaísta.
Um comentário:
Muito muito bom.
Toda uma dicção.
Abraço
aldemar
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