Depois que os pais morreram
voltou à sua cidade
para vender a casa antiga
onde passou parte da infância
cambiou a quantia obtida na venda
por euros
e transferiu o montante para sua conta
em Bruxelas
onde vivia num pequeno estúdio
alugado, 3 peças dando para os fundos
o que tornava muito silencioso
estar ali, exceto
nos dias de chuva quando as gotas
tamborilavam nas folhas
de zinco sobre a varanda
no ano passado foi encontrado
morto, um assassinato sem pistas que
deixou a polícia aturdida
mas a chuva
nas tardes em que chove
ainda reverbera no telhado
de zinco a sua música
apenas abafada pelos
relâmpagos, quando isso
acontece.
2 comentários:
A vida é essa singela melodia, em que as partes e o todo se engastam, se antecipam. A vida é sinfônica, com pausas e longos compassos, em adágio. A vida tem silêncios. Ouço a chuva, quando ela acontece, e tanto faz sua percussão sobre zincos ou sobre sapés... Contemplo, enquanto posso, seu deslizar pelas calhas, seu desabar sobre o solo, sua fuga pela linha d'água. A chuva é melodia aórgica, singela melodia sem opus humano, a chuva mergulha no mundar do mundo, a chuva apenas é isso que passa, e nós com ela. Isso é poesia? Hummm???
Abraço fraterno.
Caro Eurico, tudo bem?
Belo poema!
Fico feliz pelo poema ter lhe agradado. Obrigado pela leitura atenta...
Agora, quanto à pergunta do título do poema e do final do seu, confesso que não sei - é uma pergunta de todo dia.
Abração
aldemar
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