12/10/2009

Um novo busto pra entrar pra história

1.
De sangue e madeira,
Sangue coletado na resina
Da árvore sem folhas
Onde se amarravam corpos
Vivos quase mortos.

2.
A síndrome, o desmaio
A convulsão iminente,
Nosferatu te flagra
Na hora do jantar, a coleção
De ratos empilhados ao ritmo
Do bate-estaca,
Os olhos de Ozymandias
Ao molho pardo.

3.
Como cravar dentes na jugular
De um leviatã?

4.
JK reencarna Akhenaton
Encarna o disk-joquei holográfico
No pequeno fascismo requentado
Servido num self-service
Desenhado por Oscar Niemeyer.

5.
No cerrado, as baratas
Também doam sangue.

6.
Costa e Silva assinou
O AI-5, assinatura-mãe no
Tempo dos assassinos teria
Usado a mesma caneta-tinteiro
Do ato inaugural
De um Unindentified Flying Object, cu-
jo condutor não é nenhuma
Isabelle Adjani.

7.
Tinta de resina
De velhas feridas,
Bálsamo coagulado, sangue
Azul, de barata arrotando
URP!

3 comentários:

Aldemar Norek disse...

Oi, Daniel!
Achei a Heráldica aí embaixo absolutamente irretocável, dá vontade de ficar tecendo comentários.
E o paralelo JK / Akhenaton é muito bom, bem como o self-service modernista do Niemeyer, masmo sendo um mestre sob outras abordagens.
abraço!
aldemar

Daniel F disse...

O pior é que essa relação com Akhenaton não foi invenção minha. tem um grupo religioso aqui de bsb que defende que JK é a reencarnação do faraó e eles seriam a reencarnação de uns sacerdotes lá.

Abraço,

Daniel.

Aldemar Norek disse...

Rapaz, maluco dá em todo lugar...
Esta p.... aqui já é tão complicada e o povo fica inventando paraísos e reencarnações...
Mas é isso - mandou ver nestes dois poemas. Gostei praca.
abração
aldemar