6/16/2010

Vida
De robô sanguíneo,
Discórdia, além disso.

Dar de cara contra o muro
E chamar o sangue de:
Produção. Alegria.

Atrás do muro, dentro
Do muro, o coração
Das coisas?
O coração
Do girassol? A nitidez
Tem coração? O coração nublado
Das coisas, o obscuro
Coração da vida.

Onde está Renata no coração
Do Brasil? Onde está o Brasil no coração
De Renata, onde estão Brasil e Renata
No coração de um sujeito
Sem coração – não confundir o sangue
A mancha no muro.

Hoje de manhã a luz estava fria
E um estigma era a tatuagem
Do frio em minha pele, e a pele
Não é proteção pra alma
É a própria alma exposta, a contrapelo
Que o desamor fere como uma pancada
No muro –

(Ele que não me deixa relaxar,
Não é você, girassol)

O muro é a pele da alma das coisas e eu
Sentia apenas um frio no lugar onde seria esperado
Um coração
Enquanto me lembrava do meu velho desamor
Que me atingia
Como um soco na boca do estômago
Na súbita ilusão de que o coração
Inexiste, o coração
Ausente, delira e tenta se criar
Com ar e palavras, morrendo
De medo de ser um não-coração
Num mundo em desacordo:

E ali estava o coração,
aqui.

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