Ela pode não ser quem você pensa,
o seu vizinho, o jornaleiro pode
não ser quem você pensa, talvez só de
leve por dentro leve o que aparenta
a custo (enquanto ‘tudo o que devora
o coração’ grita), o motorista
da van que no engarrafamento arrisca
a contramão, o bêbado que mora
na rua (a circunstância é um deserto
que cobre tudo ou é o deserto a via
única e incontornável a seus pés?),
e até você aí lendo estes versos,
encare o espelho agora e desafie
o que vê: quem você pensa que é?
3 comentários:
engraçado é que o tema de fundo é bem próximo com os seus dois aí de baixo, apesar de partidos tão diferentes.
sobre os seus dois poemas, axei D+ mesmu.
ahhahaha
abração
aldemar
um prof de filosofia da linguagem aqui na unb uma vez contou a seguinte historinha ilustrativa; Schopenhauer estava andando à noite numa praça quando foi interpelado por um policial que perguntou: quem você é e o que você está fazendo aqui? ele respondeu: era nisso mesmo que eu estava pensando.
outra dessas expressões que merecem atenção é: você sabe com quem está falando?
mostrei esses poemas pra um amigo meu que lembrou uma citação do Bernardo Soares: "O que mais me maravilha não
é a estupidez com que a maioria dos homens
vive a sua vida, mas a inteligência que há
nessa estupidez".
bacana. Essa história do Schopenhauer eu tinha lido em qqer lugar e é ótima mesmo.
a intenção do poema foi mesmo jogar com os sentidos outros da expressão comum.
e este lance da inteligência na estupidez, e da estratégia (ótima) dos seus poemas, eu tinha começado pouco tempos atrás um poema que seria uma colagem de frases reais que ouço na rua, tipo "quando ele me deixou ficou com uma vagabunda mais nova" e por aí. Mas tenho andado distraído demais e recolhido poucas frases. A estratégia de recolher na net foi sensacional. Que material farto!
Abraço, Daniel.
aldemar
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