9/17/2011

Ficando racional

1
Eu, de preto,
Escalpelo cachoeiras,

Rumino pétalas,
Aqui com meus botões.


2
Reparo no jardim:
Sua verde geometria
São cabelos de alguém.

A flor azul do delírio
Não cede à tentação
Amarga de provar seus sabores.

Tudo o que sei é de uma estrela negra e fria
Cravada em meu peito
E que quando a estrela se acende
Rebrilha de violeta a azul
E flore em minhas mãos, cheias de pétalas.
E embora nada neste momento o diga
Uma estrela negra virou uma flor azul
Que virou um pássaro:
O pássaro é branco e amarelo
E vive no fundo do mar
O pássaro absolutamente não canta
Mas salta com seu bico pontiagudo
E fere meus olhos.

E isto no exato momento em que eu ia perigosamente
Me aproximando de alguma palavra perdida.

Antes de eu reparar no jardim
Me lembro de outra flor preta que havia
Apenas notada quando alguma caminhada banal
Trazia um incômodo a meus pés.
A florzinha logo se mulitplicou
Rápida e discretamente
E eu só percebi a proliferação
Quando as feras já alcançavam minha garganta
E em tudo o que digo
Sinto
Um odor de flores azuis.

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