O ipê amarelo dos meus sonhos teria flores sem elos com cores quaisquer a não ser
o amarelo em sua pureza de flores se abrindo
ao sol:
amarelo de face metálica, sem outro nome ou mistura
(mesmo o avesso das pétalas ainda teria o mesmo
amarelo, onde eu poderia deitar minha sombra. Ele seria plantado no coração vertiginoso do continente, onde eu repousaria, longe do mar e seu rumor.
O ipê amarelo que tenho diante de mim, porém, é um tronco seco, fino,
um poste
um fio
um dedo
uma forca
Flores amarelas, sem alegria, sem esperança, desmemoriadas, absortas,
absurdas.
Sonhar é fogo. O amarelo mais puro é filho do instante. O ipê se acende e se consome na imaginação, como asas (de anjos): labaredas pétalas.
Um comentário:
eu gostei do ipê amarelo
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