10/17/2011

Toda manhã o sol emerge
Vomitando sinais
Cuspindo matilhas
De rancor, tantas palavras
Engrenagens

Rodas dentadas
Portando armas,
Marcas. Multidões.

Desenhar, com finos traços
Como a safira sobre os sulcos
De um disco
O azul inútil de asas
Transparentes, contra o céu.

Elucidar, na mente de tudo
O giroscópio (vazio) de anjos
Os abismos ínfimos
Onde sobrenadamos:

Que o ódio atravesse tua alma
Como as partículas sem peso
Que o universo vomita ao explodir
O sol.

3 comentários:

Aldemar Norek disse...

Mas algum ódio não é necessário pra encarar o mundo? Mesmo 'o azul inútil das asas transparentes' está 'contra o céu'. Se a gente ampliar o sentido da palavra 'contra'.
que bela nova oração!
Abraço, Daniel.

Daniel F disse...

Aldemar
não sei se o ódio é necessário pra encarar o mundo. nem o ódio, nem o amor talvez. a idéia é um pouco outra, como você bem notou no caso do "contra": não é negar o ódio, é não conter o ódio. não guardar como se fosse um tesouro e tal. e o mesmo também vale pros bons "sentimentos". acho que essa oração é mais sobre desapego do que uma negação do ódio como parte de nossa condição.

Aldemar Norek disse...

É, pensando no desapego fica tudo mais claro, o ódio atravessar a alma como partículas sem peso, que provavelmente não deixam rastros também. Bonito, e 'que bela nova oração'!

Mas, discordando, acho que um pouco de ódio é preciso, e de amor - e de desapego, cada um na sua hora.

Abração, Daniel!