Toda manhã o sol emerge
  Vomitando sinais
  Cuspindo matilhas
  De rancor, tantas palavras
  Engrenagens
  Rodas dentadas
  Portando armas,
  Marcas. Multidões.
  Desenhar, com finos traços
  Como a safira sobre os sulcos
  De um disco
  O azul inútil de asas
  Transparentes, contra o céu.
  Elucidar, na mente de tudo
  O giroscópio (vazio) de anjos
Os abismos ínfimos
  Onde sobrenadamos:
  Que o ódio atravesse tua alma
  Como as partículas sem peso
  Que o universo vomita ao explodir
O sol.
 
 
3 comentários:
Mas algum ódio não é necessário pra encarar o mundo? Mesmo 'o azul inútil das asas transparentes' está 'contra o céu'. Se a gente ampliar o sentido da palavra 'contra'.
que bela nova oração!
Abraço, Daniel.
Aldemar
não sei se o ódio é necessário pra encarar o mundo. nem o ódio, nem o amor talvez. a idéia é um pouco outra, como você bem notou no caso do "contra": não é negar o ódio, é não conter o ódio. não guardar como se fosse um tesouro e tal. e o mesmo também vale pros bons "sentimentos". acho que essa oração é mais sobre desapego do que uma negação do ódio como parte de nossa condição.
É, pensando no desapego fica tudo mais claro, o ódio atravessar a alma como partículas sem peso, que provavelmente não deixam rastros também. Bonito, e 'que bela nova oração'!
Mas, discordando, acho que um pouco de ódio é preciso, e de amor - e de desapego, cada um na sua hora.
Abração, Daniel!
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