Quando você é vulgar: apenas negocia convenções, não domina os segredos, qualquer um pode dizer que árvore é o nome de uma cidade, que cidade é o nome de uma arma, que arma é um sentimento, que sentimento é o nome de um faraó. A língua epistolar é a conversa vulgar no desentendimento, mesmo que este ocasione encontros repentinos e imprevistos. É quando uma criança autista diz pra você: se o mundo gira, porque você não fica tonto?
11/20/2014
NOITE com LEONOR SCLIAR-CABRAL
NOITE
Plena de enigmas, noite de presságios.
Insone abri a porta do jardim:
nas moitas os duendes que se amavam
emudeceram.
Um aroma de pólen, cio e néctar
impregna a mucilagem sob a grama
que as mãos vazias, ávidas maceram
até o cansaço.
Estremece ao luar a goiabeira
os frutos caem podres pelo chão,
mole-molência rubra sob os pés
a esmagá-los.
E o corpo rola exangue pela grama
no declive de pedras e de folhas,
mistura de húmus orvalhado e sangue,
só de prazer.
(Leonor Scliar-Cabral, in De Senectute EROTICA
Imagem: foto de Anderson Dantas com Leonor, na noite de lançamento do Suplemento Especial de Poesia Ô Catarina em 14 Novembro 2014)
Texto e Imagem cedidos pelo blog do Autor, ÁLBUM ZÚTICO
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Um comentário:
vim aqui dar uma conferida!
bjs
Masé
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