12/18/2007

nº 52

(foto de Lipe Russo)


Não é proibido falar mas ninguém fala, tão fácil
mudar uma letra na superfície líquida, agitar
a água, espelho que não reflete
mais coisa alguma em seu mover-se cheio de um arbítrio
silencioso e por isso mesmo
violento.

Só você fica aí parado, fica aí parado
de bobeira, esperando
de uma boca um pouco mais
que não dizer
palavra.
(das "Notas Marginais")

2 comentários:

Daniel F disse...

Falando em música, outra genial, que tem a ver com esse teu poema. Coisas do mundo, minha nega: "ninguém compreenderia um samba naquela hora". Mas atenção, porque tem uma versão muito brega com instrumentos de sopro. Um amigo meu está estudando a obra do Paulinho da Viola e me disse que ele sofreu muito com os arranjadores dos primeiros discos.

Abraço,

Daniel.

Aldemar Norek disse...

Imagino. Na música tbm rola esta coisa meio perdida que rola na poesia.
Sabe que teve um show do Paulinho, uns 20 anos atrás, que assisti 4 vezes seguidas? Só não assisti a quinta porque aconteceu uma impossibilidade. E me chateio até hoje por ter perdido a última apresentação do Nelson Cavaquinho - e o que é pior, por causa da faculdade, esta máquina que não dá quase nada de bom pra gente e ainda acha que dá.
abração.