disse uma
única
vez
ao amigo!
mas eu não tenho tempo!
e caminhou cansado
de volta pra casa
vendo aquele mesmo
mar que agora é
o outro
sem fim
sem mim
e depois disso
não mais disse
está mergulhado
em algo que não
ama
nem mesmo
sabe
o quê.
indefinível.
e volta pra.
e caminha.
3 comentários:
Oi Anderson e Aldemar,
vou aproveitar esse belo poema aqui pra continuar o papo anterior. Como você, Aldemar, não acho que objetividade seja uma escolha, muito menos uma receita, é um momento de estranhamento com a vida, sei lá alienação no sentido forte da palavra. ás vezes, quando volto pra Bahia, um lugar muito importante na minha infância, é como se o lugar não me reconhecesse, e não o contrário. Isso pode ser uma projeção, eu é que envelheci etc. Mas se acontece é sinal de que a gente vive em constante tensão entre ser alguém e não ser ninguém, entre personalidade e despersonalização. Pra ser verdadeira, a poesia tem que ser fiel a isso.
Ser verdadeira aliás me basta. Se os outros vão achar boa ou ruim, é com eles...
Uma história grega fala de um exército meio cansado que ouviu um rumor, os soldados pensaram que era um exército inimigo. Mas depois viram que o barulho era do mar.
Sei que essa pode parecer mais uma daquelas historinhas babacas que eu estaria pondo aqui a título de ilustração. Mas ela me impressiona, o que que eu posso fazer? Acho que ela quer dizer que tudo é banal, ser alguém e não ser ninguém deve dar no mesmo.
Abraços,
Daniel.
sim, Daniel ... é mais ou menos por aí ... quando Cioran disse que devia ter apenas escrito um livro e o resto foi preciosismo, devo concordar ... ficamos repetindo nossos mugidos, e muitos poucos são nossos ecos ... portanto, to be or no to be, this is question ... o mar está flat ou rugindo encapelado?
Sim, o poema do Anderson é bem bacana.
Tem horas que ser alguém cansa, e a objetividade é um descanso. A alienação também, em termos.
Mas as receitas e o cumprir expectativas (do espírito da época?) cansa. Cansa ver, ler e ouvir também.
Apesar disso, "verdadeira" é um conceito fluido demais. Todos mentem, mais ou menos. Ou a poesia é que funda, de fato, a radicalidade da verdade na fala? (mesmo que seja em "personagens", como em Pessoa....)
abs
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