‘Virtual é o caralho’, ninguém estende a mão e tinge os dedos em você, rubro,
forjando mitografias nos puteiros do mundo.
Esta porra é cheia os puteiros e você, enfunado, se divertia
levando no olhar espinhos de sarcasmo,
escárnio e desprezo.
Labareda onde queima o seu espírito, que não sabe se o calor aquece
ou segue adiante.
(das "Notas Marginais")
2 comentários:
Oi Aldemar,
sobre seu comentário sobre Uberlândia, pra mim é quase uma forma de sobreviver, sem exagerar nessa idéia de "sobreviver". não vejo muito um livro, a não ser um daqueles projetos pessoais feitos numa gráfica e dado a amigos... pode ser, até já pensei nisso.
sobre seus poemas: gostei muito do anterior, que você pos antes. acho legal essa poética de pescar no entulho, e me vejo nela porque dentre outras coisas a vida na universidade nos enche de entulhos. Quanto a esse aí, achei sarcasmo, escárnio e desprezo meio sem força, por causa da repetição.
mas no mais, o que pensei é nessa mistura de tagarelice, conversa e monologia da "virtualidade". Tem uma cena de um filme do Fritz Lang em que ele mostra as pessoas de uma cidadezinha americana bem histéricas, a cena é inspirada num galinheiro, é muito louca, as pessoas gritam se bicam etc. ás vezes acho que na "virtualidade" tem muito disso, na maioria das vezes. mas tem outras coisas também.
Mas, enfim, como o homem do subsolo só digo que não adianta quererem me convencer que o galinheiro é um palácio de cristal. e é preferível um galinheiro a um palácio de cristal, porque pra um galinheiro podemos mostrar o dedo.
Abraço,
Daniel.
Oi, Daniel. Já tinha respondido suas colocações, mas acho que errei alguma coisa e o comentário não foi - e calhou que eu estava no meio de um dia dos mais agitados e não pude fazer de novo. Isso foi ontem de tarde, e só agora estou aqui de novo.
Mas vamos lá.
Não concordo com o que vc disse sobre o possível "livro" sobre o caso Uberlândia. Talvez porque o que vc vê nela de particular é que revele o universal que também ela representa.
E a relação com a cidade é um dos temas mais apaixonantes em qqer poeta. A cidade forma e deforma o olhar, e talvez o próprio rosto da gente, num certo sentido.
Bacana vc ter gostado do Circunstãncia,3.
Sobre a repetição das palavras nesta Nota, não sei se vejo da mesma forma que você - acho que cada uma das três palavras tem uma característica sutilmente diferente, que talvez só se apresente no "ato" mesmo emm que aparece, e é para o agir que o poema aponta, acho, como contraposição à virtualidade, que é uma simulação, um parecer com, mas não um gesto, um ato em si. Mas vou pensar no q vc falou, como sempre faço, e de repente reformulo isso.
Obrigado de novo por esta leitura atenta
grande abraço...
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