4/07/2009

Da série Amérika. Resenha de Significado da Fronteira na Vida Americana (uma ode de F. Turner)

Contra o deserto, o intocado, o incivil, o indomesticado, o índio


Amérika, vai nascendo de dentro de si mesma e cada traficante de peles e bonecos plásticos


é um guerreiro de sua causa quando faz um mergulho impetuoso na fonte esquecida, na mistura de sangue, seiva e terra que jaz encoberta pelas máscaras e pisos de mármore da Europa decadente e cada avanço é um retrocesso, uma descida ao inferno, um retorno ao tempo pulsante da animalidade, um reencontro com tudo o que a humanidade abandonou a duras penas, palmatórias e livros de etiqueta e como se injetasse um feto macerado na veia o nobre europeu se indianiza se indomestica se cavaliza se mistura ao ambiente se converte em verme se mineraliza e ganha a vida novamente e se refaz como seiva, sangue, esperma e o organismo renasce, mais complexo e viril, armado, os iroqueses experimentarão a fúria renovada e desse parto a fórceps no deserto, na hostilidade, emerge o heróico homem comum de veias interligadas aos seus rios, o coração na forma de seu mapa, sempre em expansão e nos olhos deste homem que aceitou encarar o Anjo Exterminador e em tudo o mais ele nada é além de você mesma


Amérika.

Um comentário:

Aldemar Norek disse...

A história parece que é um eterno divergir de expectativas, de desencontrar de lados, estar-se enganado e enganando ao mesmo tempo.
Não é isso, Daniel?
Gostei da matéria deste poema, e da forma como ficou martelado.