Bêbado, eu mijava
Na carcaça do gato morto.
Os olhos são as primeiras
Partes de um cadáver
A serem comidas pelos vermes &
Por isso o gato
Parecia ter três cus –
Isso antes de ele ter
Se tornado um fedorento
Casaco de pele para o asfalto
De Cuberlândia.
Distantes, as vozes
Se perdiam em suas confabulações,
Formigavam os muros da cidade,
Teciam os acordos que
As manteriam despertas para o dia.
Eu queria ser esquecido
Como o gato morto, não
Deixar pegadas
No calçamento e que minha
Sombra fosse calcinada pelos seus muros.
Eu morria sem que você
Pronunciasse meu nome:
Um carniça
Não pode assinar tratados de paz
Nem propor composições bélicas, como diziam
Os poucos que se arriscavam a andar a pé e
Tampavam o nariz
E saltavam a carniça do gato,
Entres os muros protetores
E as cercas elétricas da cidade posto de gasolina.
Um comentário:
Gosto muito mesmo das suas aproximações do urbano. Pra mim é um texto longo que está sendo feito ao redor das cidades,
as que você conhece e frequenta. E um dos temas mais caros da poesia.
Abração
aldemar
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