4/09/2010

A banda RioClaro no Feitiço

É difícil tocar com os braços
Colonizados por sanguessugas.

Não há pureza na música, nem piedade
Apesar do cansaço dos garçons
E apesar dos dedos engordurados do fiscal
Que compara os direitos autorais ao óleo
Reutilizado na fritura dos croquetes.

Ou sou eu que me refugio atrás do som
Como numa barricada ou
Seus aplausos não me comovem

Repercutem

O barulho de uma chuva rala sobre a grama
Que repercute o barulho de uma pequena fogueira
Apagando-se em fim de festa
Que repercute o barulho de um pequeno inseto
Arranhando com as patas
A janela de um quarto fechado

Quando

Melhor seria o barulho do vidro estourando
A janela se abrindo num golpe
Os parafusos depois recolhidos e guardados numa caixa
Como recordação do espaço que foi abolido:

Porque isso é a sua vida interior, o que você supõe vir de dentro
E a música não está do seu lado de fora

Não

Você pensa que está gritando quando a música está gritando você
E esse grito não vem de outra pessoa,
O músico inexiste quando é o sangue
Estourando as sanguessugas
Uma porrada na boca das janelas
Uma risada que implode por fora seu corpo mortal

Quando você é uma engrenagem vazia e os sons
Convertem sua alma

Quando a música se toca
E é o coração de um mundo sem coração.

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