(os textos não são meus, foram coletados via google, só fiz a seleção e a montagem).
Configurações da pesquisa Configurações da Conta do Google
Google
"sou um animal de circo"
Pesquisa avançada
Informações Nenhum resultado encontrado para "sou um animal de circo".
Resultados para sou um animal de circo (sem aspas):
Abril de 2001/Budapest, Hungary: Dois chimpanzés de
um circo que viajava escaparam de suas gaiolas, aterrorizando
os moradores locais e atacando duas pessoas. Um chimpanzé
foi encurralado num pátio e o outro nocateou a si próprio
ao se atirar numa porta de vidro.
23 de Setembro de 2000/Jarratt, Va.: Três macacos fugitivos atiraram frutas em veículos que passavam por uma estrada. Quando a polícia chegou ao local os animais desapareceram entre as árvores.
1 de Junho de 2000/Columbia, Md.: Um macaco aranha correu atrás de uma mulher que tinha acabado de sair de sua casa, mordeu-a na coxa e fugiu.
30 de Março de 2000/Nuremberg, Alemanha: Quatro ursos polares foram mortos a tiros no Zoológico de Nuremberg, após escaparem de suas jaulas . Diretores do Zoo afirmam que alguém abriu as jaulas propositadamente.
Moreira da Silva. Amigo Urso
C
Amigo urso, saudação polar,
C#° Dm7 Ao leres esta, hás de te lembrar,Daquela grana que eu te emprestei,
G7 Quando estavas mal de vida, e nunca te cobrei. Hoje estás bem, e eu me encontro em apuros,C7 Espero receber, e pode ser sem juros.Fm C Este é o motivo pelo qual te escrevi.Am Dm7 G7 C E E7 Agora quero que saibas, como me lembrei de ti: Am E7
Conjeturando sobre a minha sorte,F E7 Transportei-me em pensamentos ao pólo Norte.
A7 Dm E lá chegando sobre aquelas regiões,B7 E7Vá vendo só quais as minhas condições…
Am E7 Morto de fome, de frio e sem abrigo,F E7 Sem encontrar em meu caminho um só amigo.A7 Dm Eis que de repente, vi surgir na minha frente, Bis B7 E7
Um grande urso, apavorado me senti.Dm Am E ao vê-lo caminhando sobre o gelo,
E7 A7Porque não dizê-lo, foi que me lembrei de ti.Dm Am Espero que mandes, pelo portador, E7 Am A7 O que não é nenhum favor, estou te cobrando o que é meu.Dm (Am) Am
Sem mais, queiras aceitar um forte (amplexo) abraçoE7 Am Deste que muito te favoreceu.(Eu não sou filho de judeu, Dá cá o meu.)
21 de Novembro de 2000/Bangkok, Tailândia-Três políticos foram atirados a uma distância de quase 3 metros, quando um elefante que eles estavam montando entrou em pânico com o tráfico e saiu correndo pelas ruas. Um homem teve um braço quebrado, outro teve ferimentos na cabeça, no braço e nas pernas. O terceiro sofreu várias escoriações.
20 de Setembro de 2003/Baghad, Iraque Um soldado norte-americano matou um tigre a tiros no Baghdad Zoo, após o animal ter arrancado o dedo e arranhado o braço de outro soldado, que alimentava o animal através das grades da jaula.
24 de Janeiro de 2003/Albert Lea, Minnesotta - Um filhote de tigre mal alimentado foi retirado de uma residencia, após a polícia descobrir que os arranhões da criança que mora na casa foram causados pelo "tigre de estimação" da família.
Sem data: Um circo mambembe está deixando Arraial D’Ajuda, na Bahia, em pé de guerra. O circo pede que os moradores levem pequenos animais, como gatos e cachorros, como ingresso. Eles serviriam para alimentar o leão. A fera fica enclausurada o tempo todo numa jaula tão pequena que só lhe permite girar em torno do próprio corpo.
Perguntas respondidas: Zequinha do Recife: O que é Leão de Chácara e porque tem esse nome? Melhor resposta - Escolhida por votação
Leão de chácara é um apelido dado aos seguranças de boate. Você entraria em uma chácara se tivesse um leão sol...to lá dentro???
6 de Outubro de 2001/Wuhan, China -um leão num parque-safari, onde se entra com o carro para ver os animais, atacou 2 turistas. Mãe e filho estavam jogando galinhas vivas para os animais através da janela de um ônibus, quando o leão agarrou o menino pelo braço e o puxou para fora do ônubus. A mãe foi arranhada ao tentar resgatar o garoto. Como punição, o leão vai passar o resto de seus dias numa jaula pequena.
Uma das frases mais usadas por Popeye em seus desenhos é: "Well, blow me down!" que significa: "Bem, ventanias me empurrem!" ("Blow Me Down" também é uma frase popular entre piratas e marinheiros, referindo-se aos ventos empurrarem as velas... do navio). Nos episódios dublados no Brasil a frase é traduzida de diversas formas, tais como: "Macacos me mordam!" (que é uma expressão muito usada no Brasil), a fala também foi adaptada algumas vezes como: "Tubarões me mordam!" ou "Camarões me belisquem!"
1. macacos me mordam
Enviado por Dicionário inFormal (SP) em 10-10-2006. Clique aqui se você CONCORDA com essa definição! 38 sim, 11 não Clique aqui se você NÃO CONCORDA com essa definição!
Expressão de espanto, surpresa.
-macacos me mordam, eu ganhei na loteria!
Quando você é vulgar: apenas negocia convenções, não domina os segredos, qualquer um pode dizer que árvore é o nome de uma cidade, que cidade é o nome de uma arma, que arma é um sentimento, que sentimento é o nome de um faraó. A língua epistolar é a conversa vulgar no desentendimento, mesmo que este ocasione encontros repentinos e imprevistos. É quando uma criança autista diz pra você: se o mundo gira, porque você não fica tonto?
10/30/2010
10/28/2010
Uma singela homenagem a todos os que lutaram contra a ditadura
Sei lá que língua é essa, mistura de espanhol, frances e italiano.
Sapore di mare, antimilitare
yo no soy terrorista, ma no soy pacifista.
Yo no credo en la guerra, ma yo fato el amore.
...Sapore di mare es la libertée
La mejore defensa, es la tua resistensa,
contra tuto podere, ma qui a te no respeta.
sapore di mare, antimilitare.
Il terror populare contra questa miseria.
Nos controlan las calles y nos cierrran los bares
nos confiscan las cosas que ellos creen ilegales
y nos joden las fiestas sin hacer mal a nadie
lo que más les molesta que no siga sus claves.
La mejore defensa, es la tua resistensa,
contra tuto podere, ma quia no te respeta.
sapore di mare, antimilitare.
Il terror populare contra questa miseria.
10/27/2010
Resenha do livro de Luria, o homem com um mundo estilhaçado. é a metodologia do cummings, não da poesia concreta. a poesia concreta não inventou a tip
10/25/2010
sufi
o ponto onde você dança é um ponto cego, na roda
do seu rodopio você lança um sorriso
para o mundo e ele devolve
um esgar, o mundo
tem a carne impressa com grafismos
ardentes que incineram
todos os planos quando os tocam, no ponto
onde você dança, sua coreografia é a mesma
acupuntura masô, você
dissimula imóvel as espirais
de seus pés cada vez
mais fundo na lama-glitter
do mundo.
10/24/2010
Either the children or the grass must go
Lodo nas veias. Veneno parado em animal que se auto-inocula. Veneno que, inoculado em outro, não mata: contagia. A cidade é um grande organismo peçonhento – veneno circula nas suas tubulações.
Parasitas sobre parasitas sobre parasitas sobre parasitas. O universo é um parasita com parasitas em seu ventre com parasitas em seus ventres com parasitas em seus ventres.
Como é triste viver no seu mundo. Sua língua é viscosa, dela saem palavras pesadas que caem e grudam no asfalto. Fala de betume, cosmologia de pesadelo que dura o tempo de sua aproximação. Boca cheia de parasitas. Que não mata, contagia.
A cidade é um parasita grudado na pele da terra. Você é um parasita que circula sobre a cidade, ao estilo de bicho-geográfico. O ar é um parasita que passeia ao seu redor. O espaço é um parasita que se mistura ao corpo do ar. O universo é um parasita em expansão.
Os parasitas não fazem contrabando de nutrientes. É veneno o que eles procuram. Todo parasita é parasitado por outro parasita. Todo parasita devolve a outro parasita o que dele é parasitado. O veneno circula devagar e o preço da lentidão é a metamorfose do parasita em animal peçonhento. O veneno não mata, contagia.
O universo, quando recoberto pelos avanços de sua fala em expansão, é febrilmente vivo. Nele a morte circula. A forma humana de soltar o veneno é a fala. A fala envenena o ar. O ar pesado devolve, sob a forma de sombra viscosa e lenta, betume da linguagem, o veneno que nele foi inoculado sob a forma de palavras. O ar é uma dura carapaça recoberta por palavras venenosas, quando passeia sobre sua pele.
Neste universo particular, parasitário e envenenado: o cosmopolitismo do podre. Deus tomou um ácido e o universo inteiro é sua bad trip.
Parasitas sobre parasitas sobre parasitas sobre parasitas. O universo é um parasita com parasitas em seu ventre com parasitas em seus ventres com parasitas em seus ventres.
Como é triste viver no seu mundo. Sua língua é viscosa, dela saem palavras pesadas que caem e grudam no asfalto. Fala de betume, cosmologia de pesadelo que dura o tempo de sua aproximação. Boca cheia de parasitas. Que não mata, contagia.
A cidade é um parasita grudado na pele da terra. Você é um parasita que circula sobre a cidade, ao estilo de bicho-geográfico. O ar é um parasita que passeia ao seu redor. O espaço é um parasita que se mistura ao corpo do ar. O universo é um parasita em expansão.
Os parasitas não fazem contrabando de nutrientes. É veneno o que eles procuram. Todo parasita é parasitado por outro parasita. Todo parasita devolve a outro parasita o que dele é parasitado. O veneno circula devagar e o preço da lentidão é a metamorfose do parasita em animal peçonhento. O veneno não mata, contagia.
O universo, quando recoberto pelos avanços de sua fala em expansão, é febrilmente vivo. Nele a morte circula. A forma humana de soltar o veneno é a fala. A fala envenena o ar. O ar pesado devolve, sob a forma de sombra viscosa e lenta, betume da linguagem, o veneno que nele foi inoculado sob a forma de palavras. O ar é uma dura carapaça recoberta por palavras venenosas, quando passeia sobre sua pele.
Neste universo particular, parasitário e envenenado: o cosmopolitismo do podre. Deus tomou um ácido e o universo inteiro é sua bad trip.
10/22/2010
Candidatos levam bolinhas de papel na cabeça
estudantes, balas de borracha.
http://tv.estadao.com.br/videos,CONFRONTO-ENTRE-A-POLCIA-E-ESTUDANTES-NA-USP,60850,250,0.htm
A bolinha de papel é o próprio símbolo do "mau aluno". Então vou colocar aqui minha tentativa de tradução de um belo poema de Jacques Prevert. O Vagal.
A partir de “Le Cancre”
De Prevert, ou
O Vagal
(por daniel f)
Diz não com a cabeça
mas diz sim com o coração
diz sim àquilo que ama
e diz não ao professor
ele fica de pé
para a argüição
as perguntas são feitas
mas ele se desfaz em risos
então vem o branco
sobre cifras e sílabas
datas e fatos
adivinhas e pegadinhas
e mesmo que o mestre ameace
sob as vaias dos cdfs
com pedaços de giz de todas as cores
no quadro-negro da descrença
ele desenha o rosto da esperança
http://tv.estadao.com.br/videos,CONFRONTO-ENTRE-A-POLCIA-E-ESTUDANTES-NA-USP,60850,250,0.htm
A bolinha de papel é o próprio símbolo do "mau aluno". Então vou colocar aqui minha tentativa de tradução de um belo poema de Jacques Prevert. O Vagal.
A partir de “Le Cancre”
De Prevert, ou
O Vagal
(por daniel f)
Diz não com a cabeça
mas diz sim com o coração
diz sim àquilo que ama
e diz não ao professor
ele fica de pé
para a argüição
as perguntas são feitas
mas ele se desfaz em risos
então vem o branco
sobre cifras e sílabas
datas e fatos
adivinhas e pegadinhas
e mesmo que o mestre ameace
sob as vaias dos cdfs
com pedaços de giz de todas as cores
no quadro-negro da descrença
ele desenha o rosto da esperança
10/17/2010
concerto
ela me sorri como se nada, longos
cabelos, crina onde se encrespa
o meu desejo no delírio de morfina
das imagens da natureza, ela parece
não sentir a vertigem de tudo,
ao fundo a gravura de um adolescente
com asas, partem de seu sexo raios
em todas as direções, não dos olhos
ou do peito, e ainda espreito,mudo,
alguém que tenha a alma sutil
no cubículo do mundo, na volúpia
dos ardis ela desabilita o sentido
que, perdido, espera no meio do salto
mortal ser salvo no último segundo
enquanto ela me sorri como se nada
cabelos, crina onde se encrespa
o meu desejo no delírio de morfina
das imagens da natureza, ela parece
não sentir a vertigem de tudo,
ao fundo a gravura de um adolescente
com asas, partem de seu sexo raios
em todas as direções, não dos olhos
ou do peito, e ainda espreito,mudo,
alguém que tenha a alma sutil
no cubículo do mundo, na volúpia
dos ardis ela desabilita o sentido
que, perdido, espera no meio do salto
mortal ser salvo no último segundo
enquanto ela me sorri como se nada
10/15/2010
Udi: O Underground Uber Alles
Preparando as malas pra ir a Uberlândia. O Underground Uber Alles. Morei um ano lá, Udi tem inclusive o seu Jerry Brown. Meu projeto de livro com fotos e poemas de Udi:
O Underground Uber Alles
California Uber Alles, Dead Kennedys.
E antes que me critiquem porque estou cuspindo no prato em que comi, agora que estou em bsb e tal. aviso: não estou falando mal de Udi, é uma declaração de amor. E, outra coisa, o caso é mais grave:
I DONT WANNA LIVE IN ANY TOWN, ANY TOWN JUST BRINGS ME DOWN
O Underground Uber Alles
California Uber Alles, Dead Kennedys.
E antes que me critiquem porque estou cuspindo no prato em que comi, agora que estou em bsb e tal. aviso: não estou falando mal de Udi, é uma declaração de amor. E, outra coisa, o caso é mais grave:
I DONT WANNA LIVE IN ANY TOWN, ANY TOWN JUST BRINGS ME DOWN
10/13/2010
beleza é a mais estranha das forças 3 (virou uma série)
O que visto e revisto, dia após dia, não se desgasta. Nem se renova. O novo vive à sombra do esquecimento. O que visto e revisto permanece, mas não como as coisas que perduram. Como o início da música que ressoa no seu fim, inaudível e presente. Como é forte o início da música quando ela chega ao fim, como o fim é mais forte pela ressonância do seu início, ausente e audível. Como o rosto amado tem a ressonância de todos os amores esquecidos, como um dos sentidos da vida é o de compor-se uma linha melódica. Como o rosto amado indica o seu próprio apagamento do início ao fim, ao início de um novo amor não começado e antevisto. Você, por exemplo, que fica mais bonita a cada dia que passa. E a beleza é a mais estranha das forças.
10/12/2010
r.e.m.
peregrino do lado escuro de outras almas, você trilhou
porque quis
as longas pontes penseis para dentro
destas sombras e em cada terra
estrangeira deixou, no troco da passagem,
um pouco do que era seu. Como butim,
arrematou mais dúvidas para o seu degredo – a longa
estrada não tem fim, mas ainda
causa espanto a procissão de sombras
no deserto que é o mundo, em que você
vai nem tão longe nem tão
desperto.
porque quis
as longas pontes penseis para dentro
destas sombras e em cada terra
estrangeira deixou, no troco da passagem,
um pouco do que era seu. Como butim,
arrematou mais dúvidas para o seu degredo – a longa
estrada não tem fim, mas ainda
causa espanto a procissão de sombras
no deserto que é o mundo, em que você
vai nem tão longe nem tão
desperto.
Tudo que vive é sagrado
Por dentro das palavras, a voz, por dentro da voz, a entonação, por dentro da entonação, o timbre. Se há sentido em falar de alma, alma vive à flor da pele, à tona daquilo que está mais por dentro, o timbre da sua voz.
Mais além dos olhos, o sentido, mais além do sentido, a expressão, mais além da expressão, a intensidade. Se há sentido em falar de amor, amar é ignorar o que se vê, intensamente.
À flor da pele, o tatear, à flor do tatear, um calor impreciso, à flor, à flor. Se tudo o que vive é sagrado, o sagrado está à flor da (sua) pele.
À flor do timbre da intensidade imprecisa do calor do seu tatear minha pele com a entonação de sua alma sagrada. A beleza é a mais estranha das forças.
Mais além dos olhos, o sentido, mais além do sentido, a expressão, mais além da expressão, a intensidade. Se há sentido em falar de amor, amar é ignorar o que se vê, intensamente.
À flor da pele, o tatear, à flor do tatear, um calor impreciso, à flor, à flor. Se tudo o que vive é sagrado, o sagrado está à flor da (sua) pele.
À flor do timbre da intensidade imprecisa do calor do seu tatear minha pele com a entonação de sua alma sagrada. A beleza é a mais estranha das forças.
10/09/2010
Crônica de uma noite em Brasília, nos anos 1990
Eu e meus amigos éramos uns moleques. Mas a gente curtia essa onda de barzinho. Na época, a gente até tinha mais gosto praquele sonzinho de violão, Djavan, João Bosco, essas coisas que depois de um tempo enchem o saco. A gente fazia movimento literário na escola, o momentismo, promovia ações neo-terroristas sob a bandeira do Sendero Apagado. Principalmente, a gente gostava de falar merda. Não sei porque, o pai de um dos meus amigos achava que se a gente saísse com alguém mais velho, as coisas correriam bem. Tinha lá um cara que trabalhava pra ele, o Baixinho, que saía com a gente pros botecos de Brasília. E uma noite a gente estava lá, bebendo, falando merda e cantando as músicas do Djavan. Eu não saquei o movimento, nunca prestei muita atenção nessas coisas. Mas comecei a notar que na mesa ao lado tinha um cara e uma mulher, meio esquisita. Não sei como, o Baixinho puxou conversa com os dois, e daí a pouco o cara e a mulher estavam na nossa mesa. Como sempre em Brasília, o bar fechou cedo. E só sobrou o sopão 24 horas. A gente resolveu ir pra lá, mas, depois de uma negociação aí que não entendi, além de adolescente eu estava bêbado, a mulher foi no carro com o Baixinho, e nós, os 3 moleques faladores de merda, fomos no carro do cara. Falamos merdas indescritíveis no caminho, e rimos pra caralho. O cara, pelo contrário. Calado e puto. Chegamos ao sopão, e aí é que está, pela primeira vez na minha vida tive a clareza sobre o que é o fracasso. O cara não falou quase nada, mas deu pra ver que ele estava muito cansado, que essa não era a primeira vez em que ele se fodia. A mulher o ignorava ostensivamente, não tinha acontecido nada. Uns 10 minutos no carro do Baixinho, sem a companhia do derrotado convertido em brother de adolescente xarope bêbado, tinha sido suficiente pra ela mudar sem remorso os planos iniciais da noite. Uma hora nosso novo amigo chegou e escreveu uma coisa no guardanapo e mostrou pra nós, os 3 moleques, porque com a mulher ele não falava mais. This is the end. Vocês conhecem essa música? A gente conhece sim, kkkkkkk. Deve ser mais foda ainda, na hora de desabafar olhar pro lado e ter 3 moleques bêbados. Na hora de ir embora, o Baixinho e a mulher foram juntos de novo (pra um motel, é óbvio). O cara, só hoje me espanto com o grau de humildade, ou desistência, deu carona e nos deixou em casa. De vez em quando me lembro dessa história, com um sentimento estranho. Não sei se ele se matou naquela noite.
10/06/2010
trilhas
cidade extrema ao mesmo tempo tão dura e amarga,
você parece precisar dela para existir, do fundo mais fundo
das ruas vem a sensação de estar em casa, as rachaduras
dos prédios testemunham uma nova ruga no seu rosto,
e estações depois das outras o assombro do mundo anda
aos saltos pelas janelas do trem, a cada subúrbio você sente
a cidade lhe dobrar um pouco mais como se tudo funcionasse
por uma química inacessível enquanto prende por um instante
a respiração querendo penetrar na correnteza em que fluem
pessoas, carros, esgoto, imagens, ferrugem em suspensão
na água canalizada sob pressão como sangue transparente
nas veias e o vazio inacabado que você monta por dentro
a golpes de martelete nas estátuas da memória é o mesmo
que passa a cem por hora no retângulo da composição riscando
trilhos que dilaceram ruas em metades que nunca mais
vão se juntar, como se você cavalgasse a lâmina que corta
o tempo e nunca pudesse ver o fim que virá logo depois
de alguma curva abrupta do caminho, sem aviso e sem mais
você parece precisar dela para existir, do fundo mais fundo
das ruas vem a sensação de estar em casa, as rachaduras
dos prédios testemunham uma nova ruga no seu rosto,
e estações depois das outras o assombro do mundo anda
aos saltos pelas janelas do trem, a cada subúrbio você sente
a cidade lhe dobrar um pouco mais como se tudo funcionasse
por uma química inacessível enquanto prende por um instante
a respiração querendo penetrar na correnteza em que fluem
pessoas, carros, esgoto, imagens, ferrugem em suspensão
na água canalizada sob pressão como sangue transparente
nas veias e o vazio inacabado que você monta por dentro
a golpes de martelete nas estátuas da memória é o mesmo
que passa a cem por hora no retângulo da composição riscando
trilhos que dilaceram ruas em metades que nunca mais
vão se juntar, como se você cavalgasse a lâmina que corta
o tempo e nunca pudesse ver o fim que virá logo depois
de alguma curva abrupta do caminho, sem aviso e sem mais
Coração puxando seus olhos pro lado como um ímã. A alma – âncora, o intelecto à deriva, sem chão, navegando sobre a palavra pura, indefinível entre o puro sentido e a pura tagarelice. A criança que vê a fotografia e sabe que não é mais, acaba de entrar no tempo. O tempo é amor que não se completa, encoberto por palavras que fingem saber que o abismo não está tão sob nossos pés quanto parece. Toda palavra é desperdício diante do blues profundo, do precipício pra onde a alma pende ao buscar sua cota de alegria. Não há lição a ser extraída do verbo dos doutores. O coração quer se virar de lado, olhar de frente pra onde o silêncio vem a ser, no máximo, um jeito de dois braços se tocarem, indiferentes como uma nota de rodapé em branco, sublinhando o fato de que todas as palestras são desnecessárias. E nós não temos ainda nem o essencial. Mas, sigamos falando, despejando conceitos contra a cidade-fantasma, contra os túneis-trincheiras, onde tudo o que existe é sombra, onde a luz vem de dentro dos corpos mudos, cobertos de melancolia. A beleza é a mais estranha das forças.
10/04/2010
Vamos mergulhar
Ali onde ninguém mergulha
Daquilo que não mergulha
Nada se escapa.
Vamos colher novas flores
Posso plantar um girassol
Na brasa do seu cigarro
Pétalas azuis, transparentes,
Podem envolver sua pele
Como se o céu preferisse
Nosso mergulho
A toda realidade:
O planeta está loteado
Pelos sérios e compenetrados
Sem o nosso silêncio
Seu planeta pode ser pesado, infinitamente
Pesado e um quilo de ar
Ocupa muito espaço.
Eles nos querem calados,
Renitentes como uma rima cansada
Mas sejamos leves
Eles vão nos cobrir de ridículo,
Mas sejamos leves
Enquanto mergulhamos
Sejamos leves
Enquanto eles mordem
Suas farpas
Sejamos leves
Enquanto eles medem os ternos
E a gravidade
Sejamos leves
Enquanto eles reclamam
“Você saiu do lugar!”
Sejamos leves.
Quanto mais fundo
Mais leves,
Paradoxalmente
Leves.
Ali onde ninguém mergulha
Daquilo que não mergulha
Nada se escapa.
Vamos colher novas flores
Posso plantar um girassol
Na brasa do seu cigarro
Pétalas azuis, transparentes,
Podem envolver sua pele
Como se o céu preferisse
Nosso mergulho
A toda realidade:
O planeta está loteado
Pelos sérios e compenetrados
Sem o nosso silêncio
Seu planeta pode ser pesado, infinitamente
Pesado e um quilo de ar
Ocupa muito espaço.
Eles nos querem calados,
Renitentes como uma rima cansada
Mas sejamos leves
Eles vão nos cobrir de ridículo,
Mas sejamos leves
Enquanto mergulhamos
Sejamos leves
Enquanto eles mordem
Suas farpas
Sejamos leves
Enquanto eles medem os ternos
E a gravidade
Sejamos leves
Enquanto eles reclamam
“Você saiu do lugar!”
Sejamos leves.
Quanto mais fundo
Mais leves,
Paradoxalmente
Leves.
10/02/2010
Votai embriagados
Não sei porque a onda de lei seca se, como provou Baudelaire por a+ b:o vinho é o paraíso artificial da fraternidade,o sol engarrafado que aquece e aproxima as pessoas,o vinho nos torna mais intuitivos e solidários. Se o mundo e as pessoas ganham nova beleza, a beleza não só da compaixão mas também da descoberta do valor da singularidade de cada um. Se o vinho consagrou a Santa Ceia, se o vinho intensifica a comunicação, não somente a discursiva, mas também a sensível, criando um clima de simpatia. Essas não seriam virtudes desejadas pra um cidadão? Por que não votar embriagado?
Assinar:
Postagens (Atom)